Parabéns meu pai
O meu pai é, sempre foi e sempre será, um pai-coruja.
Isto no que toca às filhas, porque se falarmos na minha sobrinha, então posso dizer que o meu pai é, sempre foi e sempre será, um avô-falcão.
Lembro-me de ser miúda e ouvir a minha mãe ralhar ao meu pai:
- Oh homem, larga as miúdas! Como é que tu queres que elas arranjem namorado, se andas sempre atrás delas!!!!
Lembro-me de um verão, já adulta e a trabalhar, me ter inscrito num curso intensivo de francês em horário pós-laboral. Durante três meses o meu pai foi buscar-me à estação dos barcos TODOS OS DIAS:
- Oh pai, não é preciso! Eu tenho autocarros. São 15 minutos até casa.
- Qual autocarro! Já viste a que horas vais jantar…
Ninguém está autorizado a levar a minha sobrinha à escola. Essa é uma tarefa autoatribuída, em regime de exclusividade, ao meu pai. Nas raríssimas vezes em que a minha irmã fica incumbida dessa função, é ouvi-lo:
- Não te esqueças que a menina entra às 9h00 e depois tens que ir buscá-la para o almoço e à tarde tem que lá estar à 13h00. Não te esqueças do lanche, olha que ela não gosta daquele pão…
- Sim pai… vou ver se não me esqueço de levar a minha filha à escola…
É o meu pai. O melga-mor do reino, ou não fosse ele do signo carneiro. Barafusta por tudo e por nada, mas cinco minutos depois já não é nada com ele. Até a neta já sabe o que a casa gasta e ‘faz gato-sapato’ do avô.
Mas eu compreendo! Afinal de contas não é fácil ter que lidar diariamente com quatro gajas em diferentes fases da vida (e ainda a neta não chegou à adolescência!) … vai-se a ver e afinal é apenas um sofredor!
Parabéns meu pai. Contes muitos e que estejamos cá todas para te ajudar a apagar as velas.