Outra vez as ‘coincidências’, ou não!
Ainda uso a minha aliança de casada.
Não sei porquê, cada vez que penso em tirá-la do dedo, a imagem que me vem à cabeça é aquela cena do filme Titanic em que a Kate Winslet larga a mão do Leonardo DiCaprio e ele se afunda no mar. Para mim, tirar esta aliança foi sempre sinónimo de ver o Paulo morrer, outra vez.
Mas isto de ser viúva aos 40 anos levanta muitas dúvidas. Será que ao ter a aliança no dedo estou a manter portas fechadas? Será que devo tirar? Quando? Não devo tirar?
Mais uma vez acho que as tais coincidências, energias, ou o destino a conspirar, chamem-lhe o que quiserem, vieram em meu auxílio.
Este fim-de-semana alargado foi passado em família. Houve muita conversa entre irmãs sobre os filhos, os netos, as relações de casamento dos filhos. Eu estive muito calada, a ouvir, sem me pronunciar. Cheguei à conclusão que, infelizmente, nenhum dos meus primos (as) teve a sorte de ter uma relação de casamento como a que eu tinha com o meu Paulo.
Ontem quando cheguei a casa, entrei no meu quarto, olhei para uma foto do Paulo. Voltei a chorar e tudo ficou claro:
'Se tiveste a sorte que os teus primos não tiveram, então vais tirar esta aliança do dedo, porquê?'
Não ando a contar os dias e os meses, mas ontem fez 21 meses que o meu Paulo morreu. Só hoje me apercebi disso.
Coincidência ou não, ontem foi outra vez um dia de decisões.
Vou deixar esta decisão nas mãos do tempo: acredito que chegará o dia certo para tirar esta aliança. Um dia em que isso não será tão doloroso ao ponto de me fazer chorar, porque o meu Paulo não gostava nada de me ver chorar.