Depois de me terem chamado 'Velha do Restelo' e 'burra'...
… a ver se consigo explicar o meu ponto de vista… começo por dizer, alto e bom som…
‘EU NÃO SOU CONTRA A REALIZAÇÃO DA WEB SUMMIT EM PORTUGAL’, que fique bem claro nessas cabeças tecnologicamente avançadas!
O que me chateia os neurónios são as condições em que a coisa é feita, a total falta de consideração da Câmra de Lisboa e do Governo, pelos habitantes e trabalhadores do Parque das Nações. Eu também já tive um tempo em que adorava ir ao Parque das Nações namorar com o meu marido, à beira rio… e adorava ir à Intercasa, na FIL, mesmo sendo dificil estacionar o carro… sabem porquê? Porque não tinha que vir para o Parque das Nações TODOS OS DIAS!
Sinceramente estou-me nas tintas para que me chamem ‘velha do restelo’ ou mesmo ‘burra’. Eu sou só uma mera trabalhadora que um dia viu a sua vida de pernas para o ar, quando a sua entidade patronal decidiu sair do centro de Lisboa (zona da Av. de Roma) e mudar-se para o Parque das Nações. Sou só uma pessoinha insignificante que todos os dias leva UMA HORA em transportes públicos (seja metro ou autocarro), para fazer o trajeto da Baixa até este antro de modernidade e sofisticação que é o Parque das Nações.
Nem de propósito, há uns tempos li uma notícia do Expresso, publicada por ocasião dos 20 anos da Expo 98, com uns números muito interessantes.
O Parque das Nações tem 31 mil residentes, recebe todos os dias 30.000 trabalhadores (é a zona do país com maior concentração de sedes de empresas) e 10 hotéis em funcionamento (mais 2 em constrição e 3 em projeto).
A juntar a estes números temos ainda o Altice Arena com 121 eventos por ano (recebe 600 mil pessoas / ano), a FIL com 50 eventos por ano, incluindo 30 feiras (recebe 1 milhão de visitantes / ano) e ainda a Gare do Oriente com 150 mil passageiros diários.
Não fui que inventei, é o Expresso que o diz…
Da Baixa para o Parque das Nações temos UMA única linha de metro, por acaso é a mesma que serve o aeroporto (ou seja, tudo quanto é turista que deambula pelas ruas de Lisboa, chega e sai por esta linha de metro) e DUAS carreiras de autocarro… como dizer… um bocadinho menos demoradas (só um bocadinho… com paragens em tudo quanto é chafarica). As únicas pessoas que conheço que não se queixam MUITO são as poucas que têm comboios diretos à Gare do Oriente (alguns da linha de Sintra e os que vêm do lado da Azambuja).
Toda esta gente está enfiada num gueto (quem conhece o Parque das Nações sabe que só se entra ou sai por três ‘portas’ possíveis – rotunda de Moscavide, a norte, torre da Galp, a sul, ou pela Gare do Oriente, ao centro). Toda esta gente gira em torno de uma única Avenida, a D. João II, já devidamente entupida em dias ‘normais’, mas que a Câmara de Lisboa não tem pejo em entupir ainda mais por ‘dá cá aquela palha’:
Eurovisão? Oh meus queridos, em Lisboa, pois claro… fecha-se a Alameda dos Oceanos!
O Aga Khan quer celebrar em grande o seu reinado? Oh meus queridos, em Lisboa, pois claro... fecha-se a Alameda dos Oceanos!
Web Summit? Oh meus queridos, em Lisboa, pois claro… fecha-se a Alameda dos Oceanos!
Por tudo isto, podem chamar-me o que quiserem e dizer que ‘são só três dias’…
Não! Não são só três dias, são OS três dias em que tudo o que já é difícil de suportar, ao longo de todo o ano, é elevado à 10ª potência!
Tenho dito!
Vá, podem começar a encher a caixa de comentários com nomes feios....