Daqui a 7 anos...
Há uns anos a minha mãe ouviu uma conversa de uma vizinha… estava muito preocupada porque a neta tinha entrado na faculdade e não sabiam como ia ser o trajeto, porque a pequena, aos 18 anos, nunca tinha posto os pés num autocarro.
Lá em casa, sempre utilizámos os transportes públicos. Nunca nos fez confusão, nem nunca percebemos a confusão que isso pode representar para algumas pessoas.
Ainda agora, com este novo trabalho da minha irmã, que fica numa zona de Lisboa muito pouco acessível (acho que nunca mais me vão ouvir dizer que a Expo fica no cú de judas, afinal a Portela de Sacavém consegue ser o cú de judas… atrás do sol posto), revirámos os sites das empresas de transportes públicos da área metropolitana de Lisboa à procura do trajeto mais rápido e foi graças a essa busca que encontrámos o tal autocarro direto à Gare do Oriente.
Por causa daquela conversa com a vizinha, a minha irmã fez questão de ensinar a minha sobrinha, desde muito cedo, a não temer os transportes públicos. Desde muito pequena e sempre que possível, vamos com ela, para todo o lado, no metro, no barco, de autocarro, no comboio (e sim… já tivemos reações incrédulas de algumas pessoas que não percebem porque não a levamos de carro…).
Queremos que ela perceba que o mundo não se faz só do conforto das viagens de carro para todo o lado. Queremos que ela perceba que não pode fazer a vida como se tivesse um motorista sempre às ordens, para ir levar e buscar (sim, eu sei… ainda vai chegar o dia em que vai querer ir à discoteca com as amigas e vir para casa às 6 da manhã… logo se vê, quando lá chegarmos…).
Hoje veio para Lisboa comigo e com os meus pais, para uma consulta no dentista. Com 11 anos a miúda já quase não se atrapalha. Com o seu passe pendurado ao pescoço, lá vai ela… fresca e fofa.
Estava sentada ao meu lado direito com a minha mãe. No meu lado esquerdo seguia um grupo de miúdas, estudantes universitárias, ainda muito novinhas, deviam ser caloiras, numa grande algazarra (parece que anda aí uma boys band coreana ou japonesa a deixar as miúdas enlouquecidas, sabem qual é?).
À saída do barco, disse ao ouvido da minha mãe:
‘olha ali… a tua neta daqui a 10 anos…’
…
Agora estou aqui a fazer contas de cabeça… já não faltam 10 anos…
Faltam SETE ANOS…
Aiii, caraças!