Antes simplória, do que ridícula!
É sexta-feira (aleluia!).
Estou cansada.
Não é só do trabalho, esse só me cansa a cabeça, é sobretudo o caminho casa-trabalho. Hora e meia de manhã, hora e meia à tarde (se não houver percalços!). Ao todo são dois autocarros, dois metros e um barco. Só de metro são 16 estações em cada viagem, com uma troca de linha pelo meio e uma sucessão interminável de escadas. Se juntarmos a isto uma eventual corridinha para apanhar o transporte que está mesmo a chegar ou a partir…
Normalmente tenho algum cuidado com o que visto para trabalhar (acho que é comum a todos nós), gosto de estar apresentável, mas sobretudo confortável. Gosto de por um salto alto, uma camisa mais vistosa, vestidos… hoje abri os olhos e a primeira ideia foi ‘não vou de saltos!’
Antes de sair de casa, olhei-me ao espelho e não gostei muito do que vi, mas o ânimo não deu para mais do que jeans normalíssimos, uma t-shirt mais arranjadinha e sabrinas…
Saí de casa a achar que estava um bocadinho simplória, mas quando cheguei ao trabalho já tinha mudado de ideias.
PORRA! Há por aí muita gente que perdeu o bom senso, não há?
...
Hoje vi uma ‘senhora’, meia-idade, com um vestido que eu não usaria nem para ir à praia. Mamas grandes enfiadas num decote pronunciado e suportadas por alças fininhas, soutien à mostra (nunca percebi essa moda dos soutiens à mostra), saia rodada daquelas que parecem feitas de vários lenços sobrepostos (ponta acima, ponta abaixo) saltos muito altos (claro!). Já conseguia ver-lhe as mamas e quando desceu as escadas do barco, juro que foi por meio centímetro que não lhe vi o rabo!
Podem chamar-me quadradona e antiquada, mas acho feio, é uma imagem vulgar, mas até aqui, tudo bem, era uma mulher adulta, ela lá saberá que imagem quer passar!
Chego ao metro e vejo mais uma miúda (são tantas, assim!) a caminho das aulas, usando apenas micro calções e soutien (acho que se chama bralette! A grande moda deste verão!)… uma MIÚDA!
Chego ao trabalho e uma colega vem comentar exatamente o mesmo assunto, dizia ela ‘graças a deus a minha filha não é dada a estas modas, mas se fosse, íamos ter uma negra vida. Ela chegava a casa com o bralette e eu agarrava na tesoura do peixe. Cortava aquilo tudo!’
...
Não entendo esta erotização, este oferecimento permanente que as miúdas de hoje acham bonito. Em mulheres adultas é feio, mas em miúdas é simplesmente inaceitável.
Quando é que se perdeu por completo o bom senso e se começou a aceitar que se pode andar na rua a mostrar as mamas e o rabo?
A mim sempre me ensinaram que não é bonito quando se mostra tudo, deve-se deixar algum espaço para a imaginação.
...
Pronto, de repente, deixei de me sentir simplória!