Ainda há dias difíceis
Este fim-de-semana foi outra vez de recordações e de algumas lágrimas.
No próximo dia 21 de abril faz 10 anos que eu e o meu Paulo nos mudámos para a nossa casa. Em todas as divisões (com exceção da cozinha e do meu quarto) tenho janelas de parede a parede. Na sala tenho uma parede de 5 metros e meio só de janelas.
Nas restantes divisões lá fomos comprando e instalando cortinados, mas quando olhávamos para as janelas da sala sabíamos que o investimento tinha que ser de alguma monta e, vá-se lá saber porquê, havia sempre alguma coisa mais urgente para pagar e o projeto dos cortinados foi sempre ficando para melhores dias.
Não era coisa que nos incomodasse no dia-a-dia, exceto quando víamos fotografias tiradas na nossa sala, pareciam tiradas numa qualquer marquise.
O meu Paulo partiu sem ver o seu espaço preferido na casa, a sua sala, com cortinados.
…
Desde sábado à tarde, finalmente a minha sala tem cortinados.
Não sei se ele ia gostar do modelo, da cor ou do tecido que escolhi (se calhar não!), mas aprendi que não é isso que interessa.
Acredito que, lá em cima no céu, o meu Paulo está feliz apenas porque estou a cuidar da minha casa, a escolher coisas que gosto para a tornar mais confortável. Foi o que ele me ensinou:
- ‘…morzinho, é a nossa casa. Não vamos comprar aquilo que PODE ser em vez daquilo que GOSTAMOS, para isso, prefiro não ter. Espero o tempo que for preciso.’
...
Foi por isso que estive 10 anos para ter cortinados na sala.
O investimento foi de alguma monta (18 metros de tecido!!!). Agora é só criar uma barreira que impossibilite o meu animal de se aproximar dos ditos, se bem o conheço vai achar giríssimo esconder-se e pregar-me sustos atirando-se às minhas pernas (e as unhas a ficarem presas no tecido...).
Seja como for, juro que só volto a pensar em cortinados daqui a 10 anos!
O que o bicho gosta de estar no parapeito da janela do meu quarto!
Hoje faz dois anos e meio que o meu Paulo partiu...