Acham que estou a ficar ‘paranoica’?
Não acho que esteja a ficar ‘paranoica’. Simplesmente, gosto de olhar as coisas dos dois lados: o racional e o emocional. O que me aconteceu, ontem à noite, terá uma explicação completamente racional, podem dar-lhe o nome que quiserem, mas eu prefiro a explicação emocional. É mais gira!
A minha sala de estar é a parte da casa onde a presença do Paulo é mais marcante. Era o seu espaço preferido. Há uns dias dei-me conta que, neste meu processo de passar da ‘nossa casa’ para a ‘minha casa’, de uma forma inconsciente optei por fechar, e manter fechada, a porta da sala.
Instalei uma poltrona e uma pequena televisão no escritório e arranjei uma série de desculpas para não ficar na sala: no verão é muito quente, no inverno é muito fria, agora tenho um sofá novo e o gato arranha o sofá…
Ontem, estava já instalada no meu sofá do escritório e o meu animal, que, por norma, vem logo aninhar-se no meu colo, simplesmente não sossegava. Andava no hall, miava desalmadamente e batia em qualquer coisa. Eu bem chamava por ele, mas o desassossego não tinha fim.
Fui dar com o bicho sentado junto à porta da sala. Batia com a pata na porta e olhava para mim e miava, zangado.
Chamem-me ‘paranoica’, mas eu preferi pensar que, lá de onde está, o meu Paulo (que sabia como ninguém chamar-me à razão) resolveu enviar-me uma mensagem e, à falta de melhor instrumento, utilizou o nosso animal como veículo transmissor:
‘Oh mulher, acaba lá com isto e vai ver televisão na sala, ok!’
E eu fiz-lhe a vontade!
E o meu animal fez uma festa no tapete novo. Rebolou-se vezes sem conta e, quando achou que já bastava, acabou aninhado a dormir, na poltrona da sala.
PS: vocês não sabem, mas o meu animal está convencido que comprámos aquela poltrona só para ele poder dormir as sestas mais confortável (pensamento tipico de gato convencido que é o rei do domicilio).
Vai na volta esta é a explicação racional: o gato tinha saudades da sua poltrona!