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Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

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A negligência dos pais

Confesso que não tenho prestado muita atenção às notícias, nos últimos dias, mas ouvi qualquer coisa sobre dois acidentes mortais com crianças, resultado da negligência dos adultos que tinham o dever de zelar pela sua segurança.

Mais uma vez as redes sociais encheram-se pais e mães exemplares a apontar o dedo...

Não! Não vou apontar o dedo a ninguém. Quem lida ou já lidou com crianças, sabe que os acidentes acontecem numa fração de segundo, basta pestanejar… Nenhum de nós está livre de um acidente. Quem sou eu para apontar o dedo a uma mãe, que sei eu da vida dessa mãe, dos apoios que tem ou não tem, das condições sociais em que vive. Quem sou eu para julgar as opções que uma pessoa toma ao longo da vida.

Eu sei que quem acabou por pagar o preço mais elevado, foram as crianças… que não pediram para nascer e que têm o direito universal de ter alguém que zele pela sua segurança e bem-estar. Independentemente destas mães pagarem ou não na justiça, pelos seus erros, já vão pagar socialmente uma fatura muito elevada: para sempre vão carregar a cruz de terem tido comportamentos negligentes com a segurança de um filho, dos quais resultou a sua morte.

...

Este fim-de-semana dei comigo a pensar nisto quando assisti a uma cena num parque infantil em que estava com a minha sobrinha. Uma cena que, para mim, representa uma negligência parental muito mais grave, porque não se trata de um acidente.

A minha sobrinha quis andar num brinquedo a que chama ‘pula-pulas’ (é aquele brinquedo em que os miúdos são presos pela cintura com uns elásticos e depois saltam em cima de camas-elásticas). Todos os miúdos saltavam a grande altura e faziam mortais para trás e para a frente, menos um menino.

Não tinha mais de 10 anos e era enorme, era obeso. Não era gordinho ou cheiinho, era O-B-E-S-O. Estava preso com todos os elásticos (dependendo do tamanho e peso da criança, assim são utilizados mais ou menos elásticos, até 4 elásticos de cada lado) e mal conseguia mexer-se, não conseguia saltar. Saiu do brinquedo completamente exausto, encharcado em suor.

Porque é que somos tão pró-ativos a apontar o dedo a uma mãe que não teve cuidado e sujeitou um filho a um ACIDENTE, mas não conseguimos apontar o dedo a uma mãe/pai que permitem que o seu filho seja obeso, aos 10 anos?

Porque é que somos tão pró-ativos quando sabemos que uma criança da sala dos nossos filhos vai para a escola sem tomar o pequeno-almoço, ou com nódoas negras ou sem cuidados básicos de higiene, mas não conseguimos ter a mesma pró-atividade quando sabemos que na sala dos nossos filhos está uma criança que aumenta de peso todos os anos, ao ponto de ser obeso antes de terminar a escola primária?

Não serão estes pais igualmente negligentes? Não estarão estes pais igualmente a colocar a VIDA do filho em risco? Não seria o caso de os professores terem o dever de sinalizar estas crianças? Junto do posto médico, da segurança social? Não deviam estes pais, de alguma forma, serem responsabilizados por não terem em atenção a saúde dos filhos?

Sim, eu sei que muitas vezes a genética não ajuda, mas, bolas, ser obeso aos 10 anos???

...

Há muitos anos, numa conversa com colegas de trabalho, houve um colega, bem mais velho que eu, que me disse:

- Não queira conhecer a dor que é, para um pai e para uma mãe, ter que recusar comida a um filho… ouvir um filho dizer 'tenho fome' e ter que responder 'não podes comer mais' é de cortar o coração... mas nós estamos cá também para isso, para dizer NÃO, principalmente quando a saúde deles está em risco.

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