A minha viagem no mundo do ‘destralhanço’ #5
É mesmo muito fácil acumular coisas nas nossas casas. Vejam só estes pequenos exemplos:
- Faturas de água e da luz e da tv cabo, extratos do banco
Sobre isto só tenho uma coisa a dizer: VIVA O ENVIO DE FATURAS POR E-MAIL!
- Aquela coleção de botões que nunca utilizamos
A minha coleção é composta pelos botões e linhas que vêm junto às etiquetas da roupa nova… no meu caso ainda é mais gritante, porque eu não coso botões ou coisas descosidas, no máximo, com muito esforço, conseguiria amarrar botões! É mais do que simples falta de jeito, é mesmo uma incapacidade.
- Coisinhas eletrónicas, pequenos aparelhos, computadores e pequenos eletrodomésticos avariados (que íamos mandar arranjar!), carregadores eletrónicos sem dispositivo
Desfazemo-nos dos telemóveis e dos tablets e coisas semelhantes, mas os carregadores andam décadas às voltas numa gaveta.
...
Já vos contei que o meu Paulo guardava tudo. Quando eu digo tudo, é mesmo TUDO. Deitar um papel fora, na sua presença, era uma batalha. Quando eu tinha um dos meus ataques de destralhanço, punha-se logo em sentido. Vou só contar uma historiazinha, para vocês perceberem o grau superlativo do meu sofrimento:
Como não tenho uma despensa, um dia resolvi que queria aproveitar uma parte de um roupeiro para guardar o aspirador e a tábua de passar a ferro. Ora, a parte do roupeiro em questão estava cheia de quê? TRALHA, assim em geral. Começou a batalha… eu a querer deitar fora e ele a contrapor. Nesse dia, cheguei ao ponto em que peguei num saco cheio de… papéis:
Eu – Paulo, isto é o quê?
Paulo (seguríssimo de si) – Papéis… importantes…
Eu (retiro um papel do saco) – Paulo, isto é… o recibo de caixa da compra do… escorredor de loiça que está na cozinha!!!
Paulo (ainda mais seguro de si) – Então, morzinho, imagina que temos uma inundação ou um incêndio… temos que provar à seguradora que tínhamos um escorredor… e que custou isso, ou não?
Por norma, esta era a altura em que eu me sentava no banco mais próximo, com as mãos na cabeça, e lhe dizia ‘não sejas engraçadinho! Por favor, tem dó de mim!’
Tendo esta história por cenário, conseguem perceber o que eu encontrei em gavetas, armários, caixas e caixinhas, lá por casa?
- Calendários, cartões-de-visita de restaurantes e de lojas.
O meu Paulo era exímio a juntar estes cartões! Havendo cartões de visita ou brindes junto à caixa de pagamento, fosse onde fosse, era certo e sabido que trazia um com ele. Às vezes dois! Era pior qu’os putos!
- Brindes publicitários
O meu Paulo trabalhou 20 anos no setor da carga aérea. Era muito conhecido e querido por muitos que trabalham no setor, principalmente no aeroporto de Lisboa.
Sabem quantos porta-chaves em forma de aviõezinhos é que estão lá em casa? Pisa papéis, medalhas, canivetes, pins… e canetas? Encontrei uma caixa de SAPATOS cheia até cima de canetas, largas dezenas de canetas oferecidas ao meu Paulo… juro que dei comigo a falar para o teto (‘a sério, Paulo, a sério!’). Passei um serão a rabiscar num bloco… guardei só as que ainda escrevem… ainda tenho meia caixa de sapatos!
Quanto aos aviõezinhos e afins… também os guardei… eu sei que nunca os vou utilizar, mas não fui capaz… (pode não parecer, mas sou uma lamechas!)