A minha viagem no mundo do ‘destralhanço’ #4
Vasculhar a cozinha / despensa
Acreditem, a cozinha/despensa pode ser um dos maiores antros de acumulação de tralha.
Foi quando destralhei a minha cozinha que mais vezes fiz figura de 'burrinha de carga', nas várias viagens para o ecoponto da minha rua. Vejam só o disparate:
- Produtos alimentares que não se comeram, alimentos com data de validade expirada e temperos não utilizados ou antigos
É muito feio desperdiçar comida, eu sei... mas ainda é mais feio ter coisas em avançado estado de decomposição no frigorífico ou despensa, ok? Também descobri saquinhos de especiarias... cobertos de pó… bem pesado não sei se tinham mais pó ou mais especiaria!
- Manuais de instruções de eletrodomésticos que já não temos
Neste capítulo, acho que me entusiasmei um bocadinho, troquei as mãos e... deitei fora o manual de instruções da minha máquina de lavar roupa… Seja o que Deus quiser!
- Louça ou utensílios de cozinha que não utilizamos
Tipo aquele ralador manual que em 16 anos NUNCA FOI UTILIZADO (existem picadoras, não é?) ou aqueles copos mais antigos, ao estilo 'um de cada nação' ou aquelas tacinhas de vidro que não sabemos exatamente como é que foram parar lá a casa ou a coleção de frasquinhos com tampa que podem ser precisos para qualquer coisa... tudo a atafulhar os armários!
- Pequenos eletrodomésticos que foram moda, mas não utilizamos
Tostadeira, máquina para fazer gelados ou iogurtes, fritadeira, espremedor de citrinos, faca eletrica (não sei do motor da minha à anos, mas a serrilha estava muito bem guardada na gaveta dos talheres, claro!) para não falar no flagelo de anos mais recentes, que atende pelo nome francês (chique!) de FONDUE... tenho um para a carne e outro para derreter chocolate...
- Receitas desnecessárias
Mandei para o papelão um conjunto de livros de culinária que nunca utilizei! Nos dias que correm, se uma dona de casa prestimosa quiser uma receita nova de frango ou salmão, faz o quê, pessoas? Googla, não é?
- Caixas de plástico, velhas, engorduradas, sem tampa, tortas
- Frigideiras já sem o revestimento anti-aderente que estão lá no fundo do armário porque, entretanto, fomos comprando novas...
Cristo! O que não falta são lojas do chinês a vender caixas de plástico, bonitinhas, por tuta e meia. Aliás, estou a adotar o sistema de só usar caixas de plástico para as minhas marmitas, porque ando de transportes públicos e as caixas de plástico são mais leves. Em casa, progressivamente, vou passar a utilizar só caixas de vidro, porque nunca se põem feias.
...
Não pensem que fiquei com a cozinha vazia. Muito longe disso. Fiz uma grande 'limpeza', mas ainda tenho os móveis a abarrotar de loiça. Agora que terminei, posso concluir que deitei fora o que era descartável e coisas que nunca utilizei e que dificilmente vou utilizar.
Ainda tenho muita loiça guardada. O problema é que olho para um prato, uma travessa, uma caneca e lembro-me do meu Paulo... 'isto comprámos naquele passeio a Marvão, isto comprámos quando fomos à Lousã... isto comprámos em Sines' e, apesar de não utilizar, de não ter expectativa de vir a utilizar tão cedo, não sou capaz de me desfazer delas...
Ajudou-me muito tirar tudo dos móveis, fazer uma escolha e voltar a guardar, porque agora abro a porta do móvel dos pratos e a disposição da loiça já não é a mesma... deixou de ser a nossa cozinha e passou a ser a minha cozinha, mais adaptada às minhas novas necessidades. De tal forma que já tenho vontade de ir para a cozinha fazer as minhas marmitas para a semana, agora já não tenho que tropeçar nas frigideiras grandes (para 3 pessoas), agora só tenho duas frigideiras pequenas (para 1 pessoa).
Sinto que dei mais um passo!