2020
A minha primeira reação, ao pensar neste ano que está quase a terminar, foi dizer que este foi um ano de m****!
Depois comecei a pensar e acho que não tenho o direito de o dizer. Se não fiquei doente, se nenhum dos meus ficou doente, se não perdi um ente querido, se mantive o meu trabalho e o mesmo nível de rendimentos (assim como todos os que me são mais próximos)… então não tenho o direito de dizer que este foi um ano de m****.
Não deixou de ser um ano difícil... acima de tudo acho que foi mais um ano em que a minha capacidade de aceitação e adaptação voltou a ser posta à prova.
Lembram-se deste post, escrito no final do ano passado?
Pois bem… comecei 2020 com a firme certeza que queria vender a minha casa.
Cheguei a encantar-me com um apartamento localizado no centro da zona de que gosto e marquei visita com o agente imobiliário que, quando soube o que eu tinha para vender, ficou encantadíssimo com a minha pessoa.
No dia anterior à visita, Mana Querida ao ver-me um bocadinho cabisbaixa, diz-me “… eu não te queria dizer nada, porque a vida é tua e fazes o que entenderes, mas… tu estás mesmo a considerar a hipótese de trocar a tua casa por um apartamentozito da década de 80, num 3º andar sem elevador… ‘tás parva?”
Desmarquei tudo e senti-me logo muito melhor!
E logo o Universo resolveu colocar-me à prova e pumba… eis que chega o BICHO. De um dia para o outro fiquei forçada a estar fechada semanas a fio, naquela que eu achava que não podia ser a ‘minha casa’, ainda por cima a fazer uma coisa de que não gosto nada, o teletrabalho.
Foi a minha prova de fogo. Não foi fácil, mas entre palpitações, tremeliques e algumas lágrimas, lá me resolvi a andar para a frente em vez de afundar: eu fico aqui, mas tenho que mudar TUDO!
Fui às minhas poupanças e fiz uma sala e um escritório novos. O bem que me soube entrar na loja e escolher tudo… o meu Paulo lá em cima no céu, deve ter ficado tão orgulhoso de mim!
2020 também foi o ano em que aprendi a dizer NÃO.
Pela primeira vez, em 6 anos, disse NÃO ao Melga. Custou-me muito, chorei tanto. Juro que naquela fração de segundo em que o NÃO se formou na minha cabeça, senti uma pontada no peito, mas quando o NÃO me saiu pela boca senti alívio. Ele não gostou de ouvir o NÃO, não estava habituado, mas teve que aceitar, lá no fundo sabia que me estava a pedir demais (acho que, para ele, também foi o ano em que começou a crescer).
E foi o ano em que, pela primeira vez, decidi não assinalar o aniversário da morte do meu Paulo aqui no blog. Curiosamente, foi também a primeira vez em que, nesse dia, tive momentos em que simplesmente não me lembrava que era o dia do aniversário da morte do meu Paulo.
É mesmo verdade… o tempo sara, acalma, apazigua.
Venha de lá 2021.
Já tenho a primeira resolução: começar a refazer as minhas poupanças!