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Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

Afinal é só mais um passo!

Na última sexta feira antes de termos sido mandados para casa (curiosamente foi uma sexta-feira, 13), tive uma última reunião de trabalho com colegas. Tínhamos começado o dia a pensar que íamos mandar para casa só os mais vulneráveis… só no início dessa tarde ficámos a saber que afinal íamos todos… lembro-me de estar nessa reunião, a ouvir os meus colegas, a intervir nas matérias que me diziam respeito, e ouvir, no fundinho da minha mente, uma vozinha que me dizia… ‘tem calma Rita, tem calma... não tenhas medo, vai ser difícil… é só levares um dia de cada vez...’

Não era o não gostar do teletrabalho, nem sequer o medo de ficar infetada com a Covid que me estavam a incomodar…era o medo da minha solitude… é assim que lhe chamo. Acho solidão demasiado forte. Eu sei que não estou sozinha, tenho a minha família, os meus amigos, o meu trabalho, posso agarrar no telefone e falar com alguém a qualquer altura do dia, por isso não é solidão o que sinto, é mais uma… solitude (será que a palavra existe?)

Foi o que senti logo após a morte do meu Paulo. Os serões enormes, sozinha em frente à televisão, foram o meu primeiro sinal de alarme… na altura a médica deu-me comprimidos que me fizeram lindamente, mas eu sabia que tinha que fugir dos longos serões solitários. Foi por isso que comecei o ginásio (no início cheguei a ir 4 vezes por semana), depois comecei a intercalar os dias de ginásio com dias em tratamentos de estética… aos fins de semana comecei a andar com a minha irmã numa vadiagem pelas lojas, por Lisboa… valia e vale tudo para não estar muito tempo sozinha em casa…

Aquela vozinha estava a falar comigo porque eu sabia que ia enfrentar o meu maior medo, desde que o meu Paulo morreu, finalmente chegara a hora de enfrentar o assunto que, lá no fundo, eu sabia que estava por resolver...

Estou na minha SÉTIMA SEMANA de isolamento… e posso dizer-vos que não está a ser nada fácil! 

Tenho alturas em que me sinto por um fio! Já foram alguns serões com as lágrimas a rolar, sem saber de onde chegam, nem porque é que chegam ao certo…

A semana passada foi o meu ponto de viragem… andei este tempo todo a pensar ‘aguenta até ao fim de abril, Rita… em maio isto vai começar a abrir’ (... a conversa do ‘em abril temos que ganhar maio’) …

Recebo uma mensagem do trabalho a dizer que o regime de teletrabalho é para manter sem data para terminar… e começo a sentir o chão a fugir...

Pelo sim, pelo não, já comprei uma embalagem de ansiolíticos… coisa fraquinha, produto homeopático, quase um placebo. Duas vezes ao dia meto dois comprimidinhos no bucho… e tento ter a serenidade suficiente para conseguir encontrar uma maneira positiva de encarar isto...

Talvez isto tudo seja só o passo que me falta para poder fechar o meu luto!

Não bastando isto, este sábado entrei no supermercado e só vi pessoas de máscara e luvas (até pessoas com viseiras vi), as empregadas das caixas enfiadas em gaiolas a entregar o recibo da caixa por um buraco, o mesmo na padaria com as empregadas a entregar o pão e o troco por buracos nos paíneis de acrílico... peço à minha mãe que me empreste uma máscara e saio à rua com ela posta… parece que não consigo respirar… eu, a mulher dos calores, que começo a andar toda suada mal a temperatura ambiente passa dos 20º, a ver-me entrar num autocarro com uma coisa destas na cara…

Lista de compras para quando a Covid deixar

Em casa desde o dia 17 de março:

19 de março – dia do pai

30 de março – aniversário do meu pai

(Lembram-se? A prenda era um passeio ao Porto, todos de comboio, mas a Covid não deixou e quando quisemos ir comprar outra coisa… já estava tudo fechado)

12 de abril – Páscoa. Prendas dos sobrinhos Luísa (afilhada) e Diogo (compro sempre alguns chocolates e alguma roupa. Os chocolates ainda comprei no supermercado, mas a roupa…). Este ano também calhou ser o dia do aniversário da minha cunhada.

16 de abril – nasceu o Miguel, filho da prima Joana (e eu lá perco uma oportunidade de comprar roupinhas pequeninas… e brinquedos fofinhos?)

3 de maio – dia da mãe

5 de maio – aniversário do sobrinho Diogo

25 de maio – aniversário da Carolina, a nossa adolescente preferida (será que ainda vamos estar todos fechados no fim de maio???)

Não sei se vos está a acontecer o mesmo… por este andar não há devolução do IRS que me valha…

Já dói!

Faz um mês que estou em casa.

Há um mês que faço duas saídas semanais: ao sábado de manhã vou ao supermercado e ao domingo almoço com os meus pais... sim... nós sabemos que não deviamos, mas já expliquei aqui… somos 5... nas primeiras duas semanas não saí mesmo vez nenhuma... cheguei a um ponto de me ver a chorar à frente da televisão... aquele anúncio da NOS, aquele som da guitarra portuguesa era o suficinete para as lágrimas começarem a correr, as notícias do jornal da noite... tivemos que adotar medidas para ter algum equilibrio...

Agora, quando entro em casa no fim de almoço de domingo e penso… ‘agora só voltas a sair de casa no próximo sábado de manhã…’

Já dói!

O teletrabalho ocupa-me uma boa parte do tempo, mas eu detesto estar em teletrabalho. Há dias em que corre tudo bem, mas há dias que só me apetece atirar com o computador pela janela. Coisas que se resolviam com uma simples conversa à porta da sala de um colega, agora é preciso enviar uma carrada de emails a 10 pessoas ou então falar naquelas plataformas do demo em que parecemos todos uns ‘procurados pela polícia’ e em que a maior parte das vezes a voz ficar cortada ou a imagem congela… uma seca!

Depois é aquela sensação de ‘parece que não saí do trabalho…’, desligo o computador, vou para o sofá… falta-me o trajeto casa/trabalho, podia ser uma seca, mas fazia-me muito bem à cabeça… aquela hora que demorava a ir da Expo ao Terreiro do Paço era o suficiente para ‘desligar’ e agora parece que não… desligo.

Sou eu e o gato… o gato e eu! Vou até à varanda, da varanda vou à cozinha, como uma bolacha, vou… para onde? Fazer o quê?

Limpo o que está limpo. Já lavei a casa de banho mais vezes este mês do que nos 2 meses anteriores. Se há coisa que detesto fazer é lavar o chão (aquela coisa do balde e da esfregona… odeio)… pois, neste mês que passou já lavei o chão TODO da minha casa DUAS vezes!

Arrumo o que está arrumado. Não tenho UMA peça de roupa para passar a ferro. O cesto da roupa suja está a meio.

Estou quase a terminar de ler os livros que tinha na estante por ler (só me falta um).

Até a minha conta bancária deve estar a estranhar a ausência de movimentos… nem uma Zara, uma Mango, um restaurante… Os únicos movimentos são a compra semanal no supermercado, a compra quinzenal no veterinário e as contas do costume.

É verdade que esses movimentos representam atividades que não me fazem falta… com exceção dos restaurantes.

A única atividade que realmente me faz falta, da qual tenho uma saudade imensa é o IR!

E não há meio de se ver a tal luz ao fundo do túnel!

Somos 'Os Cinco'...

Já tenho falado sobre a arte do equilíbrio em vários posts por aqui. Gosto do equilíbrio… o não ser demais, nem de menos… não ser 8 nem 80.

Em tudo na vida deve haver equilíbrio… e nesta quarentena também.

Desde há quase seis anos que eu, a minha irmã e sobrinha e os meus pais andamos todos juntos para todo o lado. Fazemos muitas refeições juntos, vamos à praia juntos, fazemos passeios juntos, vamos de férias juntos, também discutimos juntos, quando é preciso…

Somos uma espécie de “Os Cinco”, só não temos cão, mas temos o meu gato.

Fazemos uma vida muito comunitária, em grupo. Sra. Minha Mãe gosta de nos apoiar com as suas marmitas semanais, Sr. Meu Pai tem a SEU CARGO o apoio à sua neta, a minha irmã é a nossa motorista e eu trato de tudo o que esteja relacionado com o Portal das Finanças.

Este isolamento está a ser duro para a minha família. Principalmente para os meus pais. Pertencem a um dos grupos de maior risco, o tal composto por todos os que têm mais de 70 anos… de repente ficaram numa casa vazia. Não há almoços de domingo, não há marmitas, não há discussões com a neta. Só veem as filhas em videochamadas… não chega.

Falo com a minha mãe todos os dias ao telefone… ‘ai filha… já viste aquelas imagens dos hospitais italianos’, ‘…viste aquilo nos hospitais americanos… empilhadores com os corpos a monte…’, ‘… as pessoas não têm funerais… vão nus nos caixões…’, ‘…onde vamos parar…’, ‘…tenho tanto medo…’

Tento desviar o assunto… falo de comida, de almoços e jantares, do que fiz, do que não gosto de fazer, do que tenho saudades de comer… ‘então, mas vocês andam a comprar carne… tenho aqui a arca congeladora cheia de carne e peixe e agora ninguém vem cá comer’. Proponho que faça umas marmitas que vamos lá buscar ‘…está bem, amanhã faço uma carne assada e vocês vêm cá buscar para comerem durante a semana… o que é que preferes de acompanhamento?’... a voz da minha mãe muda logo de tom.

Com base no tal do equilíbrio decidimos falei com a minha irmã e decidimos que ao domingo... almoçamos juntos... Sra. Minha Mãe faz um almoço de domingo com direito a sobremesa e tudo e, no fim, voltamos a casa com um saco de marmitas para mais uma semana de isolamento.

Eu sei que, apesar das nossas saídas estarem reduzidas ao estritamente necessário (ida semanal ao supermercado e/ou, no meu caso, ao veterinário) ainda assim, por muito que se lave as mãos e não haja beijos nem abraços, estamos a correr riscos cada vez que estamos juntos.

Mas precisamos garantir o equilíbrio entre a proteção contra a COVID e a nossa saúde mental.

O equilíbrio… ou um breve vislumbre da nossa normalidade que ficou suspensa por tempo indeterminado.

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