Lembram-se deste post? De vos ter contado que este ano de 2019 foi um bocadinho bosta?
Pois, não podia terminar muito pior. No dia 26 de dezembro, morreu o meu primo Zé.
57 anos. O cabrão do cancro a ceifar mais uma vida que ainda tinha muito para dar.
Foi o primeiro. O neto que deve ter insuflado o peito do meu avô Emílio. Depois de 5 filhas, finalmente o seu primeiro descendente homem. Depois dele nasceram mais 11 netos (maioritariamente netas... 9 meninas e 3 meninos).
No dia 27 juntaram-se os primos todos. Há muito tempo que não estávamos TODOS debaixo do mesmo teto. A mesma ideia cruzou nosso pensamento…
Eramos 12…
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No dia 24 de agosto deste ano morreu a minha sogra. Pediu-me a minha cunhada que lhe levasse umas fotos tiradas no dia do meu casamento, onde a minha sogra estava muito bonita, para entregar na funerária. Dei comigo a rever as fotografias do meu casamento na véspera do dia em que teria feito 18 anos de casada. Fiquei algum tempo a olhar para a foto de grupo... comecei a contar as pessoas que já não estavam entre nós: o meu Paulo, a minha sogra, o meu tio António, a minha avó Deolinda, o meu avô Américo e, naquela altura, já sabíamos que o meu primo Zé estaria para breve.
Depois olhei para uma das fotos da praxe. Todos nós temos uma foto de casamento com os primos e primas… e não pude deixar de sorrir, não só porque estávamos todas e todos com um ar tão mais leve, jovem, fresco e inocente, mas sobretudo porque conclui que o saldo da família é claramente positivo.
Em 18 anos morreram-nos 6 pessoas, mas... nasceram muitas mais: a Carolina, o Dinis, a Madalena, a Leonor, o Vicente, a Maria, o João, a Luísa, a Inês, o Francisco, o Afonso, o Tomás, a Ema, a Íris e sei que nasceram pelo menos mais 3 ou 4, netos de primos que já não consigo fixar o nome.
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Eramos 12... mas hoje somos muitos mais.
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Agora que venha 2020, com tudo o que tiver de bom e de menos bom (é sempre assim). Pelo menos uma coisa boa já sabemos que vai acontecer… lá para o fim de abril nasce mais um rapaz…
(ainda não tem nome definido, as apostas pendem para António, mas por enquanto ainda é só o ‘Lázaro’, o que põe a avó e as 4 tias avós de cabelos em pé …’não chamem isso ó menino!’)
Tenho muitos colegas de férias, isto está um bocadinho a meio gás, resolvi convidar a miúda para vir comigo.
Assim sai um bocadinho de casa e dá descanso à Sra. Minha Mãe.
Estou sentada no meu posto de trabalho. Ela está num outro posto de trabalho de uma colega que não está ao serviço.
Tem computador, está a ver os seus youtubers preferidos, com os phones que a prima lhe ofereceu nos anos.
De vez em quando deve fazer pausas, porque oiço a sua voz a conversar com uma colega...cada vez com mais frequência e em tom mais elevado e entusiasmado.
A ver se consigo dizer à colega para não puxar muito por ela...
Até tremo... até ao fim do dia vai contar a VIDA TODA de TODOS lá de casa.
Temo pelo estado em que vai ficar a minha reputação!
Não sei se já vos contei… depois das férias do verão inscrevi-me no programa de PT lá do ginásio. Duas vezes por mês sou trucidada por uma professora algo alucinada que por lá anda… a Célia…
O combinado foi quinta-feira sim, quinta-feira não, depois da última aula do dia, fico mais meia hora para ‘brincar’ com pesos, elásticos, barras, trx… tudo o que ela quiser e se lembrar.
Gosta de gritar como um sargento da tropa ‘CINTRÃO, TÁS BEM?’ ao que eu devia responder, como o CR7, ‘SSSIIIMMM’, mas por norma sai-me um miado de gato ‘sssiiimmm’.
No fim de novembro, ficámos as duas a olhar para o calendário de dezembro para marcar as aulas deste mês. Como na semana entre o Natal e o Ano Novo é para esquecer (nem pensar ir sofrer no dia logo a seguir ao Natal…) e ela não sabia se podia na semana antes do Natal, marcámos duas 5ªs feiras seguidas (5 e 12 de dezembro) e depois retomávamos em janeiro.
…
No dia 12, quando já não podia com uma gata pelo rabo, despeço-me com um muito alegre e bem-disposto ‘então até janeiro…’.
Só que não fuji (quem quer boas PT's arranja-as... a minha dá-me tareia, mas depois leva-me a casa). Começo a ver o sobrolho dela a franzir e começo a pensar 'pronto Rita, já fizeste merda porcaria!':
Ela - Janeiro!? Só em janeiro??
Eu (num fiozinho de voz) - Então não te lembras… disseste que na próxima semana se calhar não podias… e depois é o dia 26 e depois é o dia 2…
Ela - Deixa lá ver melhor… nããão é melhor vires no dia 19, eu arranjo maneira… tás a ir tão bem, não podemos parar tanto tempo… vens dia 19 e depois recomeçamos em janeiro.
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Mas porque é que eu não me calo??? Mas porque é que eu não me despedi dela à porta de casa?
Lá vou eu passar o Natal que nem numa travessa de rabanadas posso pegar, porque não me aguento dos braços!
Começou muito mal, com a doença do meu gato que me fez ganhar consciência dos medos que me ficaram no peito depois do Paulo morrer, logo seguido do facto da minha mana ficar desempregada…
O gato lá melhorou (está outra vez a comer como um pequeno alarve!) e Mana Querida arranjou trabalho poucos meses depois. Pensámos que a coisa ia entrar novamente nos eixos… só que Mana Querida ODIOU o novo trabalho (só se salvavam os colegas!)… continuou a procurar... já está num sítio novo…
No meio disto tudo, não tivemos férias de jeito. Não fomos à terra, quase não fizemos praia… e morreu a minha sogra.
Salvou-se o fim do ano. Cumpri uma promessa… e soube-me bem.
No dia do velório do meu Paulo, cheguei-me ao pé da urna e, silenciosamente, fiz-lhe algumas promessas. Uma delas foi a de tomar conta do Melga (tinha 19 anos). Prometi-lhe que ia estar presente, sempre que fosse preciso. Prometi-lhe que ia fazer de conta que ainda estava vivo e continuaria a pagar ao Melga uma 'pensão de alimentos'… só até o Melga ter condições para ‘caminhar sozinho’.
E assim tenho feito. Nestes cinco anos tenho contribuído financeiramente para o dia-a-dia do Melga. Não é muito, não chega para viver, ele tem que trabalhar, mas é uma ajuda.
Ao longo destes cinco anos várias pessoas me disseram para parar com isto. Já me disseram algumas vezes que estava a ser parva, que não tinha nada que o fazer, que não tenho nenhuma obrigação de o fazer, que estou a criar hábitos e que devia parar com isto… eu lá explico que a minha relação com o Melga nunca foi construida na base da 'obrigação', mas apenas naquilo que a minha consciência dita... além disso, é uma promessa ao meu Paulo... prefiro arrancar dentes a frio do que quebrar esta promessa.
No fim do verão consegui finalmente reunir condições financeiras para marcar a escritura e fazer as partilhas. Andei muito tempo a pensar na melhor forma de calcular o montante que lhe devia entregar. Um dia chamei-o para almoçar comigo e quis explicar-lhe como tinha chegado ao valor das tornas. Comecei por lhe dizer que não o queria prejudicar, mas também não me queria prejudicar, que tinha feito um esforço para chegar a uma solução que fosse justa e equilibrada. Ele interrompe-me e diz:
- Oh Rita, não precisas de me explicar mais… eu sei que contigo nunca serei prejudicado… se dizes que é esse o valor… então é esse o valor…
(já vos contei que o meu Melga é um menino querido? Às vezes tem umas ideias um bocadinho baralhadas... mas tem o mesmo fundo do pai... é bom menino!)
No fim da escritura não fui capaz de segurar as lágrimas. Tinha um buraco no estômago...
Por um lado, senti-me triste… não consegui deixar de ter a sensação de estar a pôr um ponto final numa época da minha vida... mas também me senti feliz... cumpri a minha promessa.
...
Agora só falta cumprir uma promessa: ser uma espécie de avô Paulo dos filhos do Melga!
Já não posso mais ouvir falar do ‘Natal Fit’, do ‘Natal sem culpas’, do ‘Natal saudável’, do ‘faça o Natal sem engordar’…
Parem com isso, criaturas de Deus!
Andamos o ano todo a enfardar pães de deus e croissants e pãezinhos de leite com manteiga e queijo e fiambre, ele é folhados cheios de margarinas, ele é panquecas cobertas de nutela, ele é gelados e bolas de Berlim na praia… mas em chegando o Natal vamos enfiar as azevias e os sonhos no forno, porque os fritos fazem muita mal às coronárias… o bolo rei mesmo bom é vegan e Deus nos livre de olhar para uma travessa de aletria ou arroz doce….
Alguns exemplos que já vi por essa net fora:
Aprendi com o meu Paulinho que não há coisa melhor, para o pequeno almoço do dia de Natal, do que uma chávena almoçadeira cheia de leite simples e umas rabanadas feitas no dia anterior bem ensopadas em leite e ovos e com aquela calda de açucar e canela.... nos últimnos anos faço uma variação, como as rabanadas com iogurte grego e ponho umas framboesas (é a parte do fit...).
Para mim só é Natal se puder passar a tarde do dia 24 na cozinha da minha mãe a fritar sonhos e filhoses. Já há alguns anos que sou eu que me encarrego da frigideira e adoro aquele bocadinho de tempo que estou ali a virar colheradas de massa para dentro do óleo. É verdade que fica tudo esbodegado, mas fica tudo perdoado assim que pegamos num sonho ainda quente e o passamos no açucar e canela e comemos...
Ãh... é o quê?! Então a simples posta de bacalhau cozido com couves e um fiozinho de azeite também já não pode ser?
Ah pois, é bacalhau fresco, porque o salgado é que não pode ser!!! Havia de ser bonito ver Sr. Meu Pai sentado à mesa da consoada e servir-lhe chutney de tomate e nozes para acompanhar o bacalhau!!!
Tenham juízo, criaturas!
Não é o que se come em dezembro que faz mal… é o que se come e se faz AO LONGO DO ANO!!!
GENTE QUE NÃO TOMA BANHO! E já agora, gente que não lava a roupa que veste!
A sério que não consigo entender a aversão que algumas pessoas têm ao ato de se banharem e passarem um qualquer produto que faça uma espuma cheirosa em todas as partes do corpo… RE-GU-LAR-MEN-TE!
Será que não sentem o próprio cheiro nauseabundo?
Será que não se olham ao espelho e vêm o cabelo que mais parece saído de um pote de óleo?
Ontem. Fila da caixa da H&M do Colombo.
Duas criaturas do sexo feminino, que papagueavam como só duas criaturas do sexo feminino sabem papaguear quando andam às compras de trapo, colocam-se trás de mim…
O cheiro, senhores… que cheiro nauseabundo!
Antes de olhar para trás ainda pensei ‘são sem abrigo… só podem ser!’
Claro que não eram sem abrigo!!!! Eram gajas, que vistas a uma grande distância, pareciam gajas normais, mas só a uma GRAAANDE distância, porque a uma MÉDIA distância o cheiro sobrepunha-se a tudo.
Antigamente a malta podia ser pobrezinha, mas o domingo era o 'Dia do Senhor'... era o dia de tomar banho, vestir o melhor fato e ir à missa, caraças!
Agora não são pobrezinhos... são só mesmo porcos!
GENTE SEM NOÇÃO DO ESPAÇO VITAL DE CADA UM!
Conhecem aquela situação de estar a pagar a conta do supermercado e já ter a pessoa seguinte COLADA a vocês…
Dá ou não dá vontade de perguntar… ‘quer pagar a minha conta? Esteja à vontade!’