É tão bom fazer anos... gosto tanto... gosto mesmo!
Parabéns para mim!
...
Ora bem, andava eu pelas páginas do google desta vida à procura de inspiração para vos escrever um post todo catita e motivador sobre esta bonita idade, para poder dizer às miúdas dos 20's e dos 30's para não terem medo, que isto dos 40's não custa nada, não é o bicho papão que nos tentam vender, quando me lembrei de pesquisar isto:
"what to expect when 46 years old" (ou seja... "o que esperar quando se tem 46 anos")...
Fiquei em choque!
As primeiras duas páginas de resultados do google (sim, só vi duas páginas, recusei-me a continuar) só falavam de:
MENOPAUSA / PERIMENOPAUSA (nem sabia que esta gaja existia)
CRISE DA MEIA IDADE / ENVELHECIMENTO DO CORPO DA MULHER e coisas afins
O que me deixou mais encanitada é que, apesar dos termos utilizados na pesquisa não evidenciarem em lado nenhum o sexo de quem faz a pergunta, o Google assumiu logo que se estava a perguntar sobre mulheres... não apareceu UM ÚNICO resultado sobre HOMENS! !
Será que as criaturas do sexo masculino, lá porque têm uma pilinha pendurada entre as pernas, não envelhecem também?
Não é também por esta idade que eles têm de começar a encarar de frente as visitas regulares à amiga próstata, enfiando um tubo num certo buraquinho muito escuro? E ninguém escreve sobre isto? E o google não encontra nenhuma página sobre este assunto tão igualmente fraturante da sociedade???
Estarei aqui a detetar uma violação flagrante das regras da igualdade de género?
...
De maneiras que a única coisa que posso afirmar às miúdas dos 20's e dos 30's é que aos 46 anos ainda me sinto fresca e fofa, mas ao que parece estou a um passo disto:
Agora vou só ali ao supermercado comprar uma ganda garrafa de tinto! Deslarguem-me!
Ó pra ela aqui a sair do hospital, já toda fashionista, com gorro e bolero oferecido por sua tia babada.
Sim, era um bolero, mas nela era um casaco, quase sobretudo, e já repararam no dedo da minha irmã a segurar o gorro, por trás da cabeça... cabia outra outra igual a ela dentro da roupa, tudo ficava grande... enorme... mas a miúda fez-se!
Parabéns Sobrinha Mai'Linda.
Diz a professora de Ciências da Natureza que é uma menina muito ponderada...
E Mana Querida, com um sorriso amarelinho, a pensar nas fitas que ela faz, sempre que tem trabalhos de casa para fazer!!!
Mais uma história engraçada... se não fosse igualmente algo... preocupante.
Viagem de barco de ontem no regresso a casa. 20 minutos de paz e sossego... ou pelo menos assim rezo todos os dias.
Sentam-se, ao meu lado, dois jovens muito conversadores. Acho que já estavam no fim da adolescência, já eram assim bem crescidinhos, mas isto hoje em dia nunca se sabe, não é? Os Cerelacs e as papas de aveia e as proteínas fazem milagres!
Não me pereceram ser emigrantes, falavam sem qualquer sotaque, por isso não compreendi muito bem porque raio estavam tão entretidos a declamar... verbos... e foi, minhas queridas pessoas, um chorrilho de disparates. Em cada cavadela... uma minhoca!
Quando é que se utiliza o hifen 'é chamaste... ou chamas-te' ou quando é que se utiliza o 'ão' ou o 'am'.
E eu muito sossegadinha a jogar o meu Candy Crush, já com o estômago às voltas, principalmente quando oiço:
- Então vá lá... o verbo ouvir no futuro.
- Eu ouvirei...
- Ouvirei!? Isso não me soa nada bem... eu ouvirarei!
#aiosmeusouvidos
Lá me capacitei que iam ser os 20 minutos de inferno. E eles lá iam todos entretidos... a esclarecer dúvidas.
- Vá... agora o verbo poder.
- Então... eu... pudim...
- Ah sim, claro... eu pudim... tu arroz-doce... ele leite-creme...
E pronto... não consegui conter a gargalhada! Entrei no autocarro a chorar de tanto rir!
Outra vez a Meg. Desta vez conta-nos a história de Greer, uma jovem brilhante e muito inteligente e do seu namorado Cory.
Greer nasceu numa família destruturada. Os pais são muito pouco vocacionados para a parentalidade e Greer, desde muito cedo, teve que aprender a ‘desenrascar-se’ sozinha. Cory é filho de imigrantes portugueses (o seu nome é Duarte, como o pai, nome que rejeita por achar que não é suficientemente integrador), cresceu num seio familiar diferente, mais protetor, rodeado de pais que trabalham para dar o melhor aos filhos.
Ambos são excelentes alunos e ambos têm o sonho de frequentar uma daquelas universidades americanas, chamadas de 1ª linha (Yale, Princeton, Stanford…). Ambos são admitidos em Yale, mas a tal falta de vocação para a parentalidade dos pais de Greer, traduz-se na sua incapacidade para preencher os documentos certos e Greer fica sem bolsa de estudo. Cory segue para Yale e Greer acaba por ter que se contentar com uma Universidade de 2ª linha. Já a frequentar a universidade, Greer assiste a uma palestra de Faith Frank, uma das figuras centrais na luta pelos direitos das mulheres, na América, que vai ser determinante no desenrolar do seu futuro.
Este livro é muito parecido com outro da mesma autora, de que já vos falei aqui – Os Interessantes - noa medida em que nos fala novamente nos sonhos e nos idealismos da juventude e na forma como a vida nos pode desviar de percursos já definidos.
Fala-nos muito na condição feminina um pouco por todo o mundo. A forma como o nosso local de nascimento e as nossas famílias podem condicionar todo o nosso desenvolvimento e as oportunidades que nos são colocadas. O feminismo é abordado nas suas várias vertentes, a dignidade pessoal (assédio, sexismo), a benevolência com que ideias feministas são tratadas pelas grandes empresas, a desigualdade de género originada pela pobreza, classe social ou cultural.
Temos Faith que, ao contrário do irmão, não foi para a universidade que queria porque os pais entenderam que as meninas não deviam sair de casa tão cedo. A amiga de Faith que quase morreu num aborto clandestino e, mesmo assim, passou a lutar ferverosamente… contra o aborto. A amiga de Greer, Zee, homossexual assumida desde muito cedo na vida… criada por pais juízes conservadores. Cory que, sendo homem, teve um comportamento por muitos considerado feminino, quando deixou para trás um futuro brilhante na alta finança, para cuidar da sua mãe.
É um livro que nos obriga a pensar… a mim fez-me pensar sobretudo na forma como os grandes ideais de defesa de direitos, neste caso das mulheres, mas pode ser de todo o tipo de direitos fundamentais, são tantas vezes desvirtuados em favor de princípios e interesses tão pouco nobres.