Por todas as razões e mais alguma, deixei passar quase oito anos sem que o meu bicho fosse visto por um veterinário. Lembro-me que ainda fiz uma ou outra desparasitação interna, mas vacinas nunca mais levou. Basicamente preocupei-me em comprar uma ração boazinha, ia reparando se ia ao caixote fazer as suas necessidades e no verão dava-lhe a pasta de malte por causa dos pelos.
O bichinho vai fazer 11 anos no próximo verão, é aquela idade em que é preciso começar a ter mais cuidado, por isso, decidi que este ano seria o ano da mudança.
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Levei-o à mesma veterinária onde o levei ainda muito pequenino. Assim que o tirei da transportadora, a médica olhou para mim, depois para o bicho…
- Lembra-se dele, não é? Num dia de ano novo???
- … acho que sim, tivemos que o castrar de urgência, não foi?
Pois é! O meu bicho está na história daquela clínica. No dia de ano novo de 2008, tinha uns 7 ou 8 meses, começou a ter um comportamento muito estranho, miava descontroladamente e de forma agressiva, queria trepar pela Árvore de Natal acima, não sossegava, tinha um andar estranho, meio coxo e um pouco desequilibrado. Tivemos que chamar a veterinária de urgência. Chegados à clínica, conseguiu fugir da transportadora. Parte do consultório ficou destruído, com o meu Paulo e a médica a tentar apanhá-lo. Eu e o Melga cá fora, só ouvíamos coisas a cair e a partir e o gato a assoprar. A custo, lá o conseguiram sedar. Quando finalmente o meu Paulo saiu cá para fora trazia os braços todos a sangrar das arranhadelas… Foi de tal maneira que, passados 10 anos, a médica olhou para o bicho e lembrou-se logo.
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Desta vez foi muito mais calmo. Portou-se lindamente. Levou vacina, desparasitante, tirou sangue para análises, fez-lhe apalpação e tudo só com uma assopradela ou outra. Só não gostou mesmo nada de cortar as unhas das patas de trás (também não gosta quando sou eu), assoprou e rosnou como um leão.
Na última consulta, em 2010, pesava 6550Kgs.
Nesta consulta… a médica queria pesá-lo na balança dos cães, eu é que não deixei ‘oh doutora pense na autoestima do bichinho, pelo menos tentamos a balança dos gatos!’ A balança dos gatos lá aguentou (ufa!!!) e marcou uns estonteantes 9700Kgs.
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Vai fazer dieta, isso é certo, só estamos à espera do resultado das análises ao sangue, para saber se é preciso ajustar a nova ração ao tratamento ou prevenção de mais alguma coisa.
Certo, certo também é no próximo sábado ir ao Pet Groomer (vulgo, cabeleireiro dos bichos…). Vai tomar banho e rapar algum pelo que a médica acha que está velho e morto e que ele já não consegue tirar (não tem elasticidade...).
Pergunta-me a assistente se acha que será preciso sedá-lo… ao que respondi:
O bicho nunca teve contacto com a água, nunca tomou banho eu só o escovo, principalmente no verão… e também, não se deixa agarrar por outras pessoas que não eu… tendo em conta que ele já destruiu esta clínica uma vez… se calhar é melhor pensar na sedação…
…
De maneiras que é isto… o meu animal vai perder peso e pelo … num futuro muito próximo, já eu… bem… digamos que este mês não tenho qualquer hipótese de bater perna num qualquer centro comercial (Mana Querida, é desta que limpamos a tua arrecadação!).
Definitivamente, março será o mês do gato (que grande rombo na carteira, chiça!)
Ter uma pessoa no meu sofá a contar as últimas novidades da sua vida, os seus problemas, angustias, inquietações… e, enquanto tentava animar a pessoa, mostrar-lhe outros ângulos para os seus medos, lá no fundo da minha cabeça, só consegui pensam:
‘Tínhamos razão, Paulo… está tudo a acontecer como sempre soubemos que ia acontecer!’
Não sei o que me deixou mais triste…
Saber que tínhamos razão ou não estares cá para ver.
Ontem teria sido um daqueles serões em que ficaríamos os dois na nossa varanda, eu enrolada num cobertor e tu naquele teu casaco/robe horroroso, a conversar até eu já não me aguentar de sono…
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Bem vistas as coisas, afinal não foi tristeza o que senti… foi saudade.
Depois de anos de desleixo... vou levar o meu animal ao veterinário (é decisão de ano novo, cuidar melhor do bichinho).
Já sei que a médica me vai dar na cabeça... e muito... estou preparada... mas as razões da médica são tantas que estou na dúvida sobre o que a vai chatear mais.
Aceitam-se apostas, pessoas.
Vou levar mais na cabeça por causa da falta de vacinas e coiso?
ou
Vou levar mais na cabeça por causa do pequeno excesso de peso do bicho?
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Só espero que não me ponha o gato a dieta...
Assim, como assim, já estou habituada a dormir com uma criatura de oito quilos a passear-se na minha cama como se estivesse no parque...
ou a ver televisão com oito quilinhos no colo... já não custa nada!
Estávamos em plena década de 80, era eu uma miúda.
Numa noite de verão, andava na rua a brincar às escondidas com os meus vizinhos todos (eramos tantos...'parecem bandos de pardais, à solta...').
Numa corrida mal calculada, tropecei no passeio e dei uma queda muito feia. Toda eu sangrava da cara e chorava a bom chorar.
Sra. Minha Mãe, que estava a ver a sua novela, reconhecendo o meu choro (uma mãe reconhece sempre o chora da sua cria, não é?) veio à porta ver o que se passava e, no meio do alarido todo que se formou, sempre muito calma, disse: 'Vá, anda já para dentro, temos que lavar e desinfetar isso...'
Não fomos só nós as duas a entrar em casa... grande parte das criaturas que brincavam comigo entraram também... era preciso ver o sangue, ver o que se passava... era um acontecimento...
Sra. Minha Mãe fez-me o curativo, na nossa casa-de-banho, rodeada de olhares muito curiosos e atentos.
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No dia seguinte, lá apareci eu na rua, com aquilo a que se convencionou chamar 'um olho à beleneses', mas ... curiosamente, não era esse o tema dominante nas conversas entre as vizinhas da rua que costumavam estar à janela em amenas cavacaqueiras... não.
O tema dominante era .... o espelho redondo que Sra. Minha Mãe tinha na sua casa de banho: 'Ai vizinha, a minha filha disse-me que a vizinha tem um espelho redondo...'
...
Isto tudo para vos dizer que ando a pensar fazer obras na minha casa de banho (aquele revestimento a imitação de pastilha da cabine de duche anda a enlouquecer-me há anos)...
Tenho cá para mim que vou voltar a ter um espelho redondo na casa de banho.
Também quero fazer inveja às minhas vizinhas!
Sempre que vejo um espelho redondo numa casa de banho, lembro-me das minhas vizinhas.
Hoje apeteceu-me fazer o trajeto, entre o Terreiro do Paço e a Expo, de autocarro.
Fiquei de pé, mas como sei que por alturas de Xabregas consigo arranjar lugar, não stressei.
O que me fez stressar MUITO foi a pequena com idade para ser minha mãe que ia sentada a jogar COM O SOM LIGADO.
Foram 35 ou 40 minutos a ouvir:
PLING
PLING
PLING PLING
PLONG
PLING PLING
PLING
Andamos nós muito preocupados porque os jovens 'não largam os telemóveis', porque 'estão sempre agarrados àquela porcaria', blá blá, blá...
Ao menos os jovens sabem jogar SEM SOM, vão lá no mundo deles e não incomodam ninguém.
Só queria que vissem a cara de alivio do resto dos passageiros quando a criatura finalmente abandonou o autocarro...infelizmente na paragem onde saem a maior parte dos passageiros, apenas duas paragens antes da minha
(Nota: a todos os que possivelmente não sabem tirar o som de um jogo de telemóvel... procurem um simbolo tipo 'roda dentada' ou a palavra 'definições' ou 'configuração' vão encontrar um simbolo que, por norma, é uma nota musical, é só carregar lá...mas se por acaso gostam mesmo de jogar com som, por favor, inibam-se de o fazer às 8 da manhã, num transporte público cheio)