Às vezes pergunto-me: estarei a ficar velha e rabugenta?
Já vos disse por aqui que não acho piada às pessoas que tomam o pequeno almoço nos transportes públicos… não gosto de ir sentada e sentir o cheiro do pão com chouriço ou dos iogurtes (então se for iogurte de banana ou de coco é razão mais que suficiente para mudar de lugar), não gosto de ouvir o mastigar, não gosto de ouvir o barulho do sorver pelas palhinhas (já deu para perceber que hoje estou muita bem-disposta, não já?)
Lembram-se de vos ter contado aquela vez em que uma alminha, sentada à minha frente no metro, resolveu descascar e comer uma laranja?
Compreendo que por vezes não dá tempo para comer em casa, acontece a qualquer um, mas eu vejo pessoas que comem no barco TODOS OS DIAS… porra… se têm tempo para fazer, embrulhar a sandes no guardanapo e guardar tudo na mala… não têm tempo para comer em casa? E que tal sairem da cama 10 minutos mais cedo, hã??? (uuii, tanta boa disposição...)
Ontem um novo patamar foi atingido… houve uma piquena que FEZ o pequeno almoço no barco.
Leram bem, pessoas, ontem tive a companhia de uma senhora que PREPAROU O PEQUENO ALMOÇO SENTADA NO BARCO: abriu a caixa de plástico (quadrada e alta) acho que continha cereais, abriu o iogurte, virou o iogurte para dentro da caixa, raspou o boião do iogurte com uma colher… bem raspadinho (screcht, screcht, screcht), bateu com a colher no bordo da caixa várias vezes (toc, toc, toc), deliciou-se a lamber a tampa do iogurte (xlec, xlec, xlec), mexeu tudo e começou a comer … (crunch, crunch, crunch).
...
Decididamente, eu não sou deste planeta.
Agora já só falta encontrar alguém com um fogão do campismo para aquecer o leitinho e fazer torradas…
Já não me lembro da última vez que entrei numa sala de cinema.
É triste, eu sei.
Irrita-me a falta de educação que graça nas salas de cinema de hoje.
Já foi difícil habituar-me ao barulho das pipocas e do sorver dos refrigerantes pelas palhinhas (e dos quilos de pipocas espalhados pelo chão da sala), agora ainda tenho também as luzes dos ecrãs dos telemóveis e pessoas que passam o filme todo a receber e enviar mensagens.
A sério, pessoas, enerva-me e depois não consigo seguir o filme com a atenção devida.
Por esta altura do ano começamos a ver os traillers todos dos filmes candidatos aos Oscars.
Já vi os deste ano e há dois que me está mesmo a apetecer ir ver (mesmo sabendo que corro o risco de chorar baba e ranho...em público)
A ver vamos se 2018 será o ano em que vou dar uma segunda chance às salas de cinema.
Lady Bird
The Florida Project (dá vontade de dar colo a esta miúda)
A propósito desta notícia e desta notícia, lembrei-me de ter visto, há uns tempos, uma reportagem na televisão sobre a contaminação dos oceanos com plásticos vários. Procurava alertar o ‘povo’ para comportamentos displicentes que acabavam com utensílios vários de plástico a flutuar no mar.
Não me esqueço da senhora que estava numa praia, acho que na zona de Algés, que se dedicava a apanhar do areal pauzinhos de cotonetes e, numa manhã, encheu uma garrafa de água, daquelas de meio litro. Parece que continuamos a deitar os cotonetes usados nas nossas sanitas e, claro, acabam a flutuar no mar…
Em casa já há muitos anos que faço reciclagem, acho que já não estamos no tempo em que isso seja uma novidade ou sequer algo de que nos devemos vangloriar, encaro isso como uma obrigação, um sinal de civismo (não vou falar do estado em normalmente estão os ecopontos, verdadeiras lixeiras a céu aberto, isso é outras conversa).
Sempre me espantou a quantidade de lixo que uma casa consegue produzir, ainda mais agora nesta minha nova vida. Vejam bem: moro sozinha… ou melhor, moro com o meu gato. Numa semana de sete dias, metade das refeições faço em casa dos meus pais, cozinho uma vez por semana (ao domingo à tarde faço as minhas marmitas), só deito lixo fora (o lixo…lixo) duas vezes por semana (porque a areia suja do gato começa a pesar e a cheirar, senão era uma vez por semana)… então como é possível que todas as semanas consiga encher um saco só para o contentor amarelo???
A sério pessoas, como é que é possível que uma pessoa sozinha, numa semana, consiga juntar tanto lixo plástico? São os pacotes do leite, mais as embalagens dos iogurtes, mais as latinhas da comida do gato, mais o champô que acabou, mais a cuvete dos bifes, mais o plástico que cobre os rolos de papel… mais… mais… vivemos rodeados pelo plástico, não sabemos viver sem ele… mas temos/devemos aprender.
Agora dou comigo a fazer uns testes. Há dias comprei uma manga. Em vez de tirar um saco para a pesar, pesei-a sem saco e colei o código de barras na manga. Se a pesagem fosse na caixa, a senhora não precisa do saco para saber o código a digitar. Simples, não é? Se eu quisesse comprar dois melões, pesava um de cada vez, tudo bem, não é? Mas e se eu quiser comprar um quilo de laranjas?
Esta é a questão. Se eu quiser comprar um quilo de cenouras tenho duas hipóteses: já embaladas num saco de plástico ou a granel… num saco de plástico (havia de ser giro chegar à caixa com as cenouras à solta no carrinho).
Já existem supermercados que baniram as embalagens e a dispensa de sacos de plástico. Tudo, ou quase tudo, é vendido a granel e é o cliente que leva de casa os recipientes para comprar o arroz ou o feijão, mas são pequenos supermercados e nestas coisas só as grandes superfícies comerciais têm o poder de educar o povo.
Acho mesmo que as grandes cadeias de supermercados sabem muito bem o que fazer para reduzir o consumo de plástico, está tudo estudado, mas está-se mesmo a ver que isso implica investimento e, pelo menos numa primeira fase, pode implicar perder clientes e isso é muito mau, não é?
Acho que não deve ser assim tão difícil. Basta pensar que até há uns anos era impensável ir ao supermercado com o saco das compras debaixo do braço e hoje já não nos esquecemos dele.
Não deve ser assim tão extraordinário chegar à caixa do supermercado com as maças e as peras e as laranjas à solta no carrinho e pesar na balança, afinal de contas era assim que a minha mãe fazia quando comprava a fruta no mercado ao pé de casa, a diferença é que a balança não era uma superficie lisa... era um prato fundo que o Sr. Pedro depois virava para dentro da cesta da minha mãe.
Pois que a sua vida digital vai de vento em poupa.
Desde aquele verão de 2016, Sra. Minha Mãe desenvolveu as suas aptidões tecnológicas como poucos… aquela cabecinha, pá!
O Facebook já tem segredos. Aliás, acabou por influenciar as irmãs e agora quando se juntam já partilham conhecimentos.
A sério, pessoas! Merecia ser filmado. Duas ou três cotinhas sentadas à volta da mesa, com smartphones na mão e dedos espetados: ‘como é que partilhas?... como é que fazes para publicar assim e assado?’ Já descobriram não sei quantas primas e primos que emigraram para a América há 40 e tal anos e entretém-se a partilhar fotografias antigas, há dias consegui ver uma foto do meu bisavô…
Este fim-de-semana, Sra. Minha Mãe teve que adquirir um smartphone novo, porque a bateria do seu velhinho deu o berro. Só ontem percebi o avanço da sua cultura tecnológica.
...
Mana Querida estava a parametrizar o bicho novo e só ouvia Sra. Minha Mãe, muito preocupada:
Ai, e as fotografias, vou perder as minhas fotografias, filha?
E os meus jogos… não me digas que vou ter que começar o Candy Crush outra vez… é que já vou no 500 e tal…
Olha que não é só o Facebook, não te esqueças do WhatsApp… e do Instagrã...
Ah e aquela coisa do banco, para eu ver o saldo!
Ah! Oh filha, já agora, ando para te perguntar uma coisa… o que é o tuita… eles falam muito nisso do tuita, tuita, é o quê?
…
Ai Trump, Trump, ‘não te ponhas a fancos’, qualquer dia tens a Laidinha on-line a dar-te nas orelhas!