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Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

2017, em jeito de resumo

Comecei 2015 num estado completamente ausente. Quase catatónica.

Não me lembro de grande parte desse ano. No filme da minha vida, 2015 estará sempre envolto numa espécie de neblina.

Comecei 2016 a chorar muito, com saudades do meu Paulo.

O tempo continuava a passar, a vida continuava, mesmo. Tive tanto medo de o estar a deixar para trás.

Foi um ano de muita luta interior. Uma busca incessante pelo equilíbrio. Muito choro. Sabia que tinha que avançar, mas o passado ainda estava ali tão próximo...

Comecei 2017 com uma grande decisão.

Uma decisão completamente lúcida, pacífica. Tirei a minha aliança de casada.

Não sei porquê, mas acho que aquele gesto, naquele primeiro dia de 2017, acabou por marcar todo o meu comportamento ao longo do ano.

Não me posso queixar de 2017. Foi um ano bom.

Tive saúde, trabalho… tive todos os que mais gosto, comigo (até o meu Paulo).

Também foi um ano de aprendizagem (e não são todos?).

Finalmente, tive a lucidez suficiente para perceber, compreender o que aconteceu à minha família. Encontrei justificações. Encontrei novas formas de encarar o passado. E pacifiquei-me...

Tive algumas desilusões (ou apenas confirmações de coisas que já sabia, mas fingia que não sabia). Tive duas hipóteses: encará-las de frente ou voltar a afundar...

Preferi encarar de frente, encará-las como uma forma de crescimento.

Aprendi a não me deter em pormenores. Aprendi a relativizar. Aprendi a distinguir o essencial do acessório e se é acessório, então não tem o poder de me atirar ao chão.

Aprendi a seguir em frente e a levar comigo apenas o que me é essencial sejam pessoas, objetos ou recordações.

Aprendi a gostar mais de mim.

 

Em jeito de resumo, acho que este foi mesmo o meu ano de viragem.

Pela primeira vez, em muito tempo, sinto-me calma, equilibrada, em paz.

Especialmente nos últimos 6 ou 8 meses, sinto que, finalmente, começo a ser ‘eu’ outra vez.

É como se me olhasse ao espelho e voltasse a descobrir-me:

- Ahhh, afinal estás aí. Bem-vinda de volta!

 

IMG_20171215_142313.jpgNão sei o que será 2018 (nunca sabemos, não é?), mas sinto que será um ano de grandes decisões, o meu ano de avanço.

O ano em que vou, definitivamente, despir-me da Rita do passado.

 

Venha de lá então 2018!

Estou cá!

Pró que der e vier!

 

 

Ai as azevias!

Postal-natal.jpg

Fiz este postalinho já há uns tempos a pensar aqui nesta chafarica e já depois de ter o post pronto é que reparei que me esqueci de mencionar as azevias... gosto tanto de azevias, pessoas!

(e não se preocupem, que isto é como comer bolas de berlim na praia, sacudam uns grãozinhos de açucar que já parece dieta!) 

'Não gosto do Natal!'

Já ouvi esta frase muitas vezes.

Pessoas que fazem questão de dizer que não gostam do Natal ou que o Natal não lhes diz nada, porque perderam pessoas pelo caminho e com elas foi a sua alegria.

Há dias falava com uma colega sobre isto.

Dizia-me que, de há uns anos para cá, o Natal deixou de fazer sentido, precisamente porque faltavam-lhe pessoas à mesa.

Fiquei a pensar naquelas palavras e... confesso que não consigo entender.

 

Já aqui vos disse que, neste longo processo de fazer o meu luto, tive sempre uma permissa na qual acreditei e acredito profundamente: quem morre deixa-nos a maior das responsabilidades - continuar a viver.

O meu Paulo adorava o Natal. Era a sua festa. Principalmente nos anos em que calhava a Consodada ser na nossa casa.

Fazia questão de pôr a mesa. Chegava a estar duas horas só a pôr a mesa e velas acessas pela casa toda. Vibrava com a hora de abrir as prendas, gostava de ver a reação dos outros. Era sempre o último a abrir as prendas, só no fim, depois de ver os outros.

O primeiro Natal depois da morte do meu Paulo, não estava neste planeta. No Natal de 2015 fomos para casa de alguém, já não me lembro. 

O ano passado, pela primeira vez, tomei coragem e pedi à minha família para fazermos a Consoada na minha casa.

Adorei ter a casa cheia, tirar a minha loiça toda dos armários. Adorei voltar a ter VIDA na minha casa. Senti verdadeiramente que o meu Paulo havia de estar feliz por ver a casa cheia. Gostei tanto que este ano perguntei se queriam repetir.

 

- E não te custa, Rita?

Claro que custa. Custa sempre. Haverá sempre uma lágrima mais forte que vai teimar em rolar, nem que seja às escondidas.

Mas é aqui que entra aquela minha permissa: continuar a viver.

Vou consolar-me no facto de saber que todas as pessoas que se vão sentar na minha mesa, na minha casa, naquela noite, nem que seja só por um segundo, vão lembrar-se que falta ali uma pessoa, vão lembrar-se do meu Paulo.

Vou consolar-me com um ou outro momento que surja na conversa, onde se comentem peripécias ou gestos ou expressões do meu Paulo... e vão ouvir-se gargalhadas...

 

Cada pessoa é como é. Cada pessoa tem a sua forma de encarar o que lhe vai acontecendo na vida. Respeito isso.

Eu prefiro encarar desta maneira. É preciso nunca esquecer que temos os nossos pequeninos, que têm todo o direito de criar memórias felizes dos seus Natais de infância.

Se não fosse assim, pensem lá: se quem morre não celebra, se quem fica não celebra, porque quem morre não está cá... então não andamos cá a fazer nada, não é?

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