Esta declaração foi emitida por uma associação representativa do setor do turismo.
Para quem não conhece o setor, passo a explicar a minha experiência.
Quando o Melga andava no 10.º ano e começámos a ver que os resultados escolares não eram famosos, tivemos que pensar em alternativas para o seu percurso escolar.
Estavamos no auge do boom dos programas de culinária na televisão e, depois de ver as várias hipóteses à sua disposição, o rapaz encantou-se com os cursos de cozinha das Escolas de Hotelaria e Turismo.
Estes cursos têm a duração de 3 anos letivos e no final dão equivalência ao 12.º ano. No final dos dois primeiros anos todos os alunos estão obrigados a frequentar um estágio, em contexto de trabalho, em hotéis e restaurantes.
Nesses dois anos, o Melga esteve os meses de verão (desde meados de junho até à primeira semana de setembro) num hotel de Vilamoura (no fim do primeiro ano) e num restaurante em Troia (no fim do segundo ano).
Nestes estágios, as ‘entidades patronais’ só estão obrigadas a dar alojamento e alimentação, não são obrigados a pagar qualquer tipo de remuneração, e no fim têm que classificar os alunos. O aluno só completa o ano letivo se tiver uma classificação positiva no estágio.
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Já estão a ver o maná que está aqui, não estão???
Qual é o empresário do setor do turismo que vai contratar profissionais qualificados, quando consegue garantir o preenchimento dos quadros, todos os anos, durante toda a época alta, com fornadas de miúdos a quem não têm que pagar um cêntimo, e que ainda por cima se sujeitam a tudo, porque precisam da classificação para concluir o ano letivo???
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Quando digo 'sujeitam a tudo' é mesmo tudo: são aos 15 enfiados numa moradia a 3 ou 4 km do local de trabalho e sem transportes ('traga uma bicicleta'), alguns em quartos a ter que lavar a sua roupa à mão o verão todo, a fazer 10 horas de trabalho seguidas. As escolas bem dizem que têm supervisores que vão aos locais de estágios ver as condições... nunca se viu nenhum...
As escolas deixam-nos à sua sorte: um carro bateu na roda traseira da bicicleta do Melga, no Algarve, caiu e ficou com o joelho inchado, informou a chefe no hotel e a escola que não podia ir trabalhar no dia seguinte, porque tinha dores. A chefe disse-lhe que tinha que se apresentar ao trabalho, que podia prejudicar a sua classificação de estágio. Acham que a escola fez alguma coisa? Pois, não fosse o Paulo, via telefone, a por a 'chefe' no lugar dela...
O Melga era do curso de Cozinha, mas o hotel entendeu que ele tinha que ir fazer serviço de mesa. Todos os colegas de cozinha estavam inseridos na cozinha, menos ele. Queixou-se à escola. Acham que a escola confrontou a 'entidade patronal'??? Pois, não fosse o Paulo a fazer barulho com a escola e com a 'chefe'... muito barulho...
E no fim para quê?
Podem ser muito bons, mas assim que deixam de ter o letreiro 'estagiário' deixam de ter interesse. Venho o próximo 'muito bom', na próxima fornada!
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Querem acabar com a emigração destes alunos???
Experimentem propor medidas concretas para defender os profissionais do setor, a começar, por exemplo, por acabar com esta mama.... é só uma ideia!
O meu pai é, sempre foi e sempre será, um pai-coruja.
Isto no que toca às filhas, porque se falarmos na minha sobrinha, então posso dizer que o meu pai é, sempre foi e sempre será, um avô-falcão.
Lembro-me de ser miúda e ouvir a minha mãe ralhar ao meu pai:
- Oh homem, larga as miúdas! Como é que tu queres que elas arranjem namorado, se andas sempre atrás delas!!!!
Lembro-me de um verão, já adulta e a trabalhar, me ter inscrito num curso intensivo de francês em horário pós-laboral. Durante três meses o meu pai foi buscar-me à estação dos barcos TODOS OS DIAS:
- Oh pai, não é preciso! Eu tenho autocarros. São 15 minutos até casa.
- Qual autocarro! Já viste a que horas vais jantar…
Ninguém está autorizado a levar a minha sobrinha à escola. Essa é uma tarefa autoatribuída, em regime de exclusividade, ao meu pai. Nas raríssimas vezes em que a minha irmã fica incumbida dessa função, é ouvi-lo:
- Não te esqueças que a menina entra às 9h00 e depois tens que ir buscá-la para o almoço e à tarde tem que lá estar à 13h00. Não te esqueças do lanche, olha que ela não gosta daquele pão…
- Sim pai… vou ver se não me esqueço de levar a minha filha à escola…
É o meu pai. O melga-mor do reino, ou não fosse ele do signo carneiro. Barafusta por tudo e por nada, mas cinco minutos depois já não é nada com ele. Até a neta já sabe o que a casa gasta e ‘faz gato-sapato’ do avô.
Mas eu compreendo! Afinal de contas não é fácil ter que lidar diariamente com quatro gajas em diferentes fases da vida (e ainda a neta não chegou à adolescência!) … vai-se a ver e afinal é apenas um sofredor!
Parabéns meu pai. Contes muitos e que estejamos cá todas para te ajudar a apagar as velas.
Nas minhas deambulações pelas redes sociais, encontrei esta página no FB. Mais uma bebé que precisa de um transplante de medula óssea para sobreviver a uma leucemia.
Eu estou inscrita como dadora de medula óssea. Eu já fui contactada por ser compatível com um doente.
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Andava para me inscrever já há muito tempo, mas, já se sabe como são estas coisas, a vida tem horários complicados, a inscrição implicava uma deslocação ao CEDACE e os dias vão passando e quando damos conta passou um mês, um ano.
Acabei por me inscrever por ocasião das campanhas que se organizaram quando adoeceu o filho de um jogador da seleção nacional de futebol (não me lembro do nome). Organizaram uma inscrição de dadores, num fim-de-semana, nos Bombeiros Voluntários do Barreiro. Não perdi essa oportunidade, afinal era ali ao lado de casa e, entre preencher o formulário, responder a umas questões e tirar um seringa de sange, em 20 minutos fiquei inscrita.
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Um dia o telemóvel começou a tocar com um número que não conhecia. Ignorei uma ou duas vezes (‘querem vender alguma coisa!), mas uma das vezes atendi (‘deixa-me lá despachar este!A ver se me larga!).
No início nem percebi de onde me estavam a ligar 'CEDACE?? O que é isso?', mas quando disseram 'Fala do registo de dadores de medula óssea', as minhas pernas começaram a tremer.
Disseram-me que, nos testes preliminares efetuados, tinham concluido que a minha medula era compatível com a medula de um doente e perguntaram-me se ainda estava interessada em ser dadora. O meu Paulo tinha partido há muito pouco tempo e eu pensei: ‘Será? Não consegui ajudar o meu Paulo, será que vou conseguir ajudar outra pessoa?’
Disse que sim. Se estava inscrita era para ajudar. Podiam contar comigo.
Fui ao CEDACE (no Hospital Pulido Valente). Explicaram-me tudo, fiz mais testes de sangue.
Poucos dias depois ligaram-me novamente.
Que sim. Havia compatibilidade, mas o doente não reunia condições físicas para ser sujeito a um transplante. Informaram-me que nos três meses seguintes eu ficava reservada para aquele doente.
Andei três meses a pensar naquela pessoa. Só sabia que era do sexo feminino, nem sequer sabia se era portuguesa, mas isso não interessava nada. Andei três meses a torcer por uma pessoa que não conhecia, não sabia onde estava, se era criança, adolescente, mãe…
No final dos três meses, recebi uma carta do CEDACE. Sem entrar em detalhes, informaram-me que infelizmente não foi possível avançar com a doação. Sou levada a pensar que a doente não reagiu aos tratamentos e acabou por falecer. Não sei se chegou a saber que a cura tinha sido encontrada...
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A idade limite para se ser dador de medula óssea são os 45 anos, por isso, já perdi a esperança de voltar a ser chamada, mas aí desse lado há de certeza pessoas saudáveis, entre os 18 e os 45 anos, que me podem substituir como dadora.
TRETAS!!! Para que fique claro... eu odeio esta mudança de hora!
Roubaram-me uma hora ao fim-de-semana, que só volto a recuperar em outubro.
Hoje de manhã, até o meu gato estava arremelgado.
Em vez de me acordar e vir à porta da rua despedir-se de mim, ficou sentado à porta do quarto a olhar para mim com uma expressão 'oh mulher, mas onde é que tu vais a esta hora!'
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Pronto! Esta neura já passa, é só beber um cafézinho.
Ontem, nas minhas deambulações pela net, encontrei esta pérola.
Tristezas não pagam dívidas e, como diz o povo, RIR É O MELHOR REMÉDIO.