Para todos vocês que estão a ler isto, desejo um FELIZ NATAL, com uma mesa farta e, claro, o melhor de tudo: a família reunida e prendas. Por favor não se ponham com a conversa dos valores do Natal não terem nada a ver com as prendas e blá blá blá. Tretas!
Quando se faz anos a 21 de dezembro e se tem uma irmã mais nova a fazer anos a 23 de dezembro, aprende-se muito cedo a lidar com o facto de ter que escolher entre abrir prendas no aniversário OU no Natal, muito raramente em ambos os dias. Lembro-me de várias noites de Natal em que debaixo do pinheiro não havia uma prenda para mim, porque me foram dadas no dia 21.
Muito cedo aprendi a valorizar outras coisas. Para mim só era Natal quando passava a tarde do dia 24 de dezembro na cozinha da minha mãe, com a minha irmã, a fazer fritos de natal (e a comê-los ainda quentes) e tachos de aletria e arroz doce, ter a casa toda a cheirar a canela e laranja, e a minha mãe a fazer pratinhos para oferecer à vizinha A e à vizinha B e depois a tia Fernanda que telefona a pedir ao meu pai para ir buscar uns coscorões a casa dela, em troca de umas fatias douradas da minha mãe. Estas são as minhas recordações dos 20 anos.
Depois chegou o Paulo. O meu querido Paulo tinha alma de braço direito do PAI NATAL. Ensinou-me que dar uma prenda no Natal é dar MIMO a alguém de quem se gosta e todos nós gostamos e precisamos de mimo. Para o Paulo, o Natal era sinónimo de pensar e procurar exaustivamente a prenda que mais se adequava a cada pessoa. Não era uma mera obrigação, uma chatice que se devia despachar o mais rapidamente possível. Nos 14 anos que estivemos juntos, fui muito mimada pelo meu marido. Estas são as minhas recordações dos 30 anos.
Os meus 40 anos começaram da pior maneira possível. Mas a vida é isto mesmo, vamos aprendendo ao longo do caminho, por isso, também os 40 deixarão recordações.
Como ainda não posso olhar para trás e tirar conclusões sobre os meus 40 anos, para já apenas quero que os meus Natais sejam uma mistura de tudo o que vivi até aqui: fazer doces de Natal com a minha mãe e irmã (e sobrinha, que já tem a tarefa de passar os fritos no prato do açúcar e canela) e mimar as pessoas mais importantes para mim, com prendas.
FELIZ NATAL, divirtam-se, comam (muito!!!) , mimem-se uns aos outros e, mesmo que pareça difícil, façam o favor de sorrir.
Autocarro no Barreiro. Entra um grupo de senhoras, acho que deviam ser cabo-verdianas (pelo menos o sotaque tinha aquele toque crioulo). Juntam-se a outra senhora que já estava no autocarro.
Todas muito apressadas, cheias de casacos e lenços e gorros, pousam sacos, saquinhos e saquetas e dá-se o seguinte diálogo:
- Então, que te aconteceu ontem? Não te vi?
A outra responde, muito danada da vida:
- Sabes quantas horas estive à espera? Mais de cinco minuto...
Entro no barco. Sentam-se duas senhoras no meu banco. Uma delas ia muito danada da vida. Refilava sobre o trabalho, a familia, tudo!
A outra, abre a mala, tira uma tabelete de chocolate (das GRANDES). Fica com metade e dá outra metade à amiga.
Ainda não eram oito da manhã e cada uma delas despachou meia tabelete de chocolate. A que estava danada da vida diz: