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Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

Não sejas engraçadinha!

Como é costume dizer nestas lides "Este é um blog sobre tudo e sobre nada"

Resposta à Madalena...

... e a todas as pessoas que possam estar tão 'encanitadas' como ela.

Pergunta a Madalena, no post anterior, como consigo ter uma árvore de Natal, tendo em casa um gato.

Querida Madalena, segue resposta ilustrada. Fotos tiradas ontem ao serão:

Gato-natal.jpggato-natal3.jpg

Não se iludam, não é sempre assim tão pacífico.

São precisos olhos e ouvidos de falcão, vigilância apertada. Daqui até ao dia de Reis vou apanhar muitas bolas do chão e colar muitos laços novos nas prendas.

Mas o serão é quase sempre assim. Deve ser da idade. Quando se tem quase 10 anos, a SUA poltrona é muito mais apelativa para uma personalidade pachola com a deste gato.

Já é Natal. Pelo menos lá em casa, já é!

É uma tradição minha.

Reparem que disse 'MINHA' e não 'nossa'.

É uma tradição recente, ainda pequenina, mas quero que ganhe raízes e, independentemente do que a vida ainda me reservar, nunca mais vai deixar de ser assim:

 A minha árvore de Natal é feita no último fim-de-semana de novembro.

Podem achar que é muito cedo, mas para mim, uma árvore de Natal passou a ter um simbolismo muito para além do Natal. Foi uma árvore de Natal, gigante e toda iluminada, que me fez tomar consciência que a minha vida tinha mudado, que não era possível continuar a fazer de conta, que nada se tinha passado.

O meu Paulo tinha morrido há pouco mais de 2 meses e nós adorávamos o Natal (ao ponto de começarmosa planear tudo, no final de setembro). Era 6ª feira, vinha a descer a Rua Augusta, a pensar como é que ia ser o Natal e se ia conseguir fazer a árvore de Natal em casa. Entrei na Praça do Comércio no exato momento em que ligaram as luzes da daquela árvore enorme e todas as iluminações da Baixa e, imediatamente, soube que não ia conseguir fazer a minha (nossa…) árvore de Natal.

Estávamos a 28 de novembro de 2014 (a black friday de 2014).

O ano passado consegui ter a clareza de espírito suficiente para perceber que, de alguma forma, tinha ultrapassado o primeiro ano de ausência do meu Paulo, e, em honra desse feito, decidi que tinha que enfeitar a casa para o Natal. E que melhor data para o fazer do que o dia em que tomei consciência que tinha que enfrentar os meus medos?

Assim, desde 2015, (sim… é mesmo uma tradição muito pequenina) em minha casa a Árvore de Natal faz-se no último fim-de-semana de novembro, para me lembrar que podemos cair, mas temos que encontrar uma forma de levantar a cabeça e seguir em frente.

Natal.jpg

Meu querido Paulo, como vês não está tão bonita como as árvores que tu fazias (por muito que tente, nunca vou conseguir ter a paciência que só tu tinhas...), mas continuo a manter a NOSSA tradição de acrescentar uma estrela e um enfeite novos todos os anos. Ah, como podes ver também, ainda não foi em 2016 que a sala ganhou cortinados...

Da série ‘coisas que me encanitam o espírito!’

Mais uma vez a higiene.

Desta vez vou falar nos ecopontos. Ou melhor, da utilização pouco cívica que se dá aos ecopontos.

Se qualquer um de vós acordasse hoje, pela fresca, e durante o pequeno almoço, ouvissem nas notícias que a vossa Câmara Municipal tinha decidido construir um aterro sanitário, paredes meias com a vossa casa, qual era a vossa reação???

O pequeno-almoço já nem descia, certo? Era razão para fazer reunião de condomínio de emergência, abaixo-assinados, manifestações, partiam a loiça toda, não é?

Pois é!

Então porque é que não nos revoltamos, com a mesma veemência, contra as mini lixeiras a céu aberto, que são os ecopontos à porta das nossas casas?

A questão que se levanta aqui não é a quantidade de ecopontos disponíveis, nem sequer as dificuldades das Câmaras em fazer as recolhas a tempo e horas, a questão base que se levanta aqui é mesmo SÓ o civismo da população.

Passo a explicar melhor. A urbanização onde moro tem cerca de 10 anos. São uns 15 prédios de 4 andares. Dois ou três apartamentos por andar. Para esta gente toda, a Câmara instalou UM ecoponto, daqueles todos modernaços, enterrados no chão que precisam de um carro especial com guindaste para fazer a recolha. Apenas um ecoponto, numa urbanização daquele tamanho, é pouco, mas se pensarmos que a uma distância de 80 ou 100 metros, em cada sentido, já existiam outros ecopontos, acho que não estamos mal servidos.

Por norma, só ao fim de semana é que deito fora o lixo da reciclagem. Quantas vezes passo pela mini lixeira a céu aberto, da rua onde moro, sigo para o outro ecoponto, a 100 metros, e encontro-o VAZIO. Não estou a exagerar. Está vazio. Ouve-se o lixo a cair lá dentro com um estrondo.

- Se calhar esse ecoponto está mal localizado, Engraçadinha?

Não, não está. Fica numa das principais ruas de um bairro que já existe há décadas.

Não consigo perceber porque é que apesar de verem os contentores a transbordar, as pessoas preferem deixar os sacos de lixo no chão, em vez de andar uns metros e depositarem o lixo num contentor que ainda tem espaço. Adoram ter lixeiras à porta de casa, é?

No ecoponto da minha rua, vê-se de tudo, todas as semanas: sofás, camas, colchões, mobiliário diverso, sanitários, sacos de roupa velha. Quando é que vão perceber que as Câmaras têm um serviço GRATUITO de recolha de monos. É só ligar e marcar o dia e a hora.

Há por aí muita gente que precisava de viver 6 meses num bairro de lata, daqueles com o esgoto a correr pelas ruas, para aprenderem a dar valor à higiene urbana.

Ser feliz

Já o disse aqui, várias vezes: eu e o meu Paulo eramos felizes.

Não eramos uma família tradicional, tínhamos uns horários estapafúrdios (a norma era jantar às 10 da noite), tínhamos as nossas discordâncias, aturávamos os defeitos um do outro, mas eramos felizes … à nossa maneira.

A nossa felicidade vinha, acima de tudo, do respeito mútuo, da amizade profunda que nos unia, do estarmos certos que podíamos contar um com o outro ‘para o que desse e viesse’.

Porque a vida nunca corre como a planeamos, hoje, tanto eu como a minha irmã fazemos quase todas as refeições com os meus pais. Mais uma vez, não somos uma família tradicional (era suposto as filhas, na casa dos 40, estarem, com as suas famílias, a comer nas suas casas), temos o dever de respeitar os horários e hábitos dos meus pais (jantar a ouvir o ‘gordo’ na TV!), há dias em que temos as nossas discordâncias, aturamos os defeitos e manias de cada um e às vezes damos grandes gargalhadas.

Apesar de não ter o meu Paulo, posso dizer que sou feliz.

Cada um de nós tem uma definição de Felicidade. É um conceito subjetivo que depende de uma série de variáveis que são diferentes de pessoa para pessoa. Não sei qual é a vossa opinião, mas para mim, a Felicidade assenta na premissa básica de nos sentirmos parte de algo que nos rodeia e nos faz sentir seguros, família e amigos que se preocupam connosco, que nos fazem sentir especiais, amados.

Deve ser por isso, que o povo diz que 'o dinheiro não traz felicidade'. Deve ser uma solidão muito grande, quando não se te alguém com quem podemos contar, nos bons e nos maus momentos. Como é que se consegue viver sem isso?

 

Tudo isto para vos perguntar:

Como é que há casais, famílias, que se deixam arrastar em relações doentias, até ao ponto em que já não há sequer uma réstia de respeito?

Como é que se criam filhos em ambientes tóxicos, destruturados, numa atitude de desleixo, de ‘deixa andar’?

Pessoas que perdem anos de vida em situações miseráveis, simplesmente porque não têm a coragem de virar a mesa e dizer ‘NÃO É ISTO QUE QUERO PARA MIM’.

 

A vida é muito curta, pessoas.

A luz pode apagar-se a qualquer momento.

Se podem escolher (e quase sempre há escolhas que se podem fazer), escolham ser felizes.

 

PS1: Desculpem lá este texto um bocadinho à Gustavo Santos, mas uma pessoas às vezes é confrontada com situações de vida que nos põem a pensar...

PS2: Calma pessoas, para mim o dinheiro não traz felicidade ...mas é um excelente calmante para os nervos.

Tinha que ser num dia 13...

... a toma da última cápsula do anti-depressivo. Foi hoje, o dia em que passam 26 meses sobre a morte do meu Paulo.

Tenho estado a fazer o 'desmame' muito gradualmente. Comecei em maio, podia ter terminado mais cedo, mas pelo meio chegou o mês de setembro, o mais complicado, não quis arriscar muito e o processo acabou por se prolongar.

Na última vez que fui à minha médica disse-lhe que tinha na minha carteira 9 cápsulas e não queria comprar mais nenhuma embalagem. Com a ajuda de um calendário contámos os dias em que devia tomar essas 9 cápsulas. Anotei os dias num papelinho que guardei na minha carteira. Só quando começou o mês de novembro, quando faltavam 2 cápsulas, é que reparei que o dia da última toma era o dia 13.

Mais uma daquelas 'coincidências' que tenho encontrado ao longo deste processo todo de 'fazer o luto'.

...

- E como te sentes, Engraçadinha? Tás melhor?

...

Não sei. Sinceramente, não sei.

Se me lembrar do estado em que estava quando fui à médica naquele 15 de dezembro de 2014, então SIM, posso dizer que estou francamente melhor. Agradeço aos medicamentos a ajuda insubstituível que me deram para superar, suportar estes dois anos.

Mas sinto que ainda há feridas que não cicatrizaram completamente. Ainda há sentimentos que não sei onde 'arrumar'. Ainda tenho dias (cada vez mais raros), em que entro em casa e rebento num choro que nem eu entendo.

Sei que ficaram marcas, mas ainda não sei que profundidade têm estas marcas.

Tenho dias em que penso muito no futuro, mas não consigo chegar a nenhuma conclusão.

Sinceramente acho que a questão a colocar não é 'tás melhor?', porque acho que não se fica melhor, fica-se diferente e o problema é perceber o que mudou e o que permanece igual ao que eu era, antes de a minha vida se ter desmoronado.

Deve ser uma questão de continuar a procurar...

 

É nestas alturas que me lembro de uma frase que o meu Paulo me dizia, tantas vezes: 'Mulher do diabo! Não penses tanto.Tu encucas ...não encuques!'

Vai-se a ver, o rapaz até tinha razão (e nós, gajas, sabemos bem como é dificil dar razão a um homem, não é?

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