"Para ser mais simples saiba que pode basear-se nesta fórmula de 150ml vezes o peso do bebé em kg, isto se o bebé tem idade entre os 0 aos 6 meses. Os 150 ml referem-se à quantidade hídrica diária total, pelo que a quantidade de leite a dar em cada mamada é obtida mediante a divisão desse valor pelo número de tomas que o bebé faz ao longo do dia. Imagine que o bebé pesa 7 kg, então a necessidade diária de leite é 1050 (150mlx7), se ele mamar 5 vezes por dia, a quantidade de leite por refeição será de, aproximadamente, 210 ml (1050 ml/5)."
Vejam os seguintes casos:
Quando era bebé, Sr. Meu Pai muitas vezes referia-se à minha pessoa como o seu 'pequeno aspirador' ou a sua 'bomba de sucção', porque mamava religiosamente de 3 e 3 horas e de maneira tão sofrega que parecia que nem respirava. Um dia Sra. Minha Mãe levou-me à consulta de rotina, o médico quase a crucificou quando soube a quantidade de leite que eu bebia por dia: que não podia ser, que era muito leite, que faz mal à criança e para a minha idade a quantidade de leite recomendada era X.
Sra. Minha Mãe (marinheira de primeira viagem) veio para casa quase em pranto, cheia de sentimentos de culpa, porque não estava a cuidar bem da sua menina. Fez o meu biberon com a quantidade de leite recomendada pelo médico, mas olhou para mim e, conhecendo-me como só uma mãe conhece a sua cria e sabendo que quando com fome eu tinha tendência para rivalizar com a sirene dos bombeiros, pelo sim, pelo não, fez um segundo biberon com a diferença daquilo que o médico recomendou e aquilo que eu costumava beber.
Bem dito, bem feito, no fim do primeiro biberon fiquei ali a olhar, a estranhar e comecei a ensaiar uns sonoros acordes:
- Oh Zé, vai lá buscar o outro biberon à cozinha, depressa!
- Então mas o médico não disse que não podia ser?
- Não é o médico que a ouve, somos nós!
Assunto resolvido.
Trinta e tal anos mais tarde chega a minha sobrinha. Sodona Luísa foi bebé pouco apreciadora de leite. Quando bebia 100ml quase nos apetecia ir à varanda lançar um foguete ('não lhe mexas muito, deixa ver se fica tudo lá dentro'). Parecia estar com muita fome, mas quando chegava aos 60 /70ml começava a empurrar a tetina com a língua e já não faziamos nada dela, insistências acabavam com tudo vomitado.
Muitos vomitados a minha irmã e mãe limparam àquela menina. Era numa base quase diária, havia sempre um biberon que vinha todo fora.
Agora imaginem este cenário, de refeições de um terço de biberon, às 6h, às 10h, às 13h, às 17h e no dia seguinte o mesmo. Ir pesar esta miúda e ouvir 'ganhou 100g', 'ganhou 150g' ou 'não engordou'. Era de arrancar os cabelos.
Depois vinham as primas (todas com filhos comilões), 'não stresses, não come agora, come depois', 'oh pá, tu stressas bué'. Só que a minha menina simplesmente não comia, nem agora, nem depois. A minha irmã chegou ao ponto de andar com um caderninho onde anotava as quantidades que a filha bebia a cada mamada, para mostrar à médica em cada consulta. A meta era atingir um mínimo de 400ml de leite por dia.
Tal como a minha mãe e a minha irmã, deve haver muitas mães a passar por situações idênticas, cheias de dúvidas, medos, preocupações e que se deparam com textos como estes.
Como é que ainda se publicam textos destes? Fórmulas matemáticas para calcular a quantidade de leite que uma criança deve beber???? Nem uma única referência ao facto de que cada criança é diferente, que há exceções...
Como já aqui disse, eu não tenho filhos, mas tive o Melga e pude acompanhar de perto todo o seu crescimento e percurso escolar, desde o 1º até ao 12º ano.
Durante a escola primária tudo correu bem. O Melga andava debaixo na nossa asa, acho que é uma fase comum a todas as crianças, até aos 10 anos são fáceis de levar. Estou a falar de uma criaturinha que, aos 6 anos, chegava à porta da escola, virava-se de frente para o pai e proclamava: ‘Pai, eu agora vou sozinho, tá bem?’ e o pai, do alto do seu 1,82m, esticava o dedo e dizia ‘à minha frente já depressa. Ai, já a formiga tem catarro!’ e lá ia ele de orelha murcha.
Sempre foi bom menino, mas tinha características que faziam dele um alvo fácil de identificar em qualquer sala de aula: foi sempre matulão, muito irrequieto (MUIIIIITO!) e tinha uma cabeleira de caracóis louros que não lhe dava muitas hipoteses de passar despercebido. A partir do 5º ano começaram a chegar os recados na caderneta. Tanto eu como o Paulo tentávamos dar-lhe na cabeça, não ir em desculpas esfarrapadas, mas não foi fácil.
Estava o Melga no 9º ano, contou-nos uma história que se tinha passado na sua sala de aula. Parece que os miúdos meteram na cabeça que o professor era gay e levaram a aula toda, ostensivamente, a gozar com a criatura e, por consequência, a destabilizar a aula. A certa altura, a falta de respeito deve ter chegado a um patamar, que o professor perdeu as estribeiras e agarrou num dos miúdos pelo braço (com alguma força, parece!) e pô-lo fora da sala.
Aqui d’el-rei! Que o colega vai falar com os pais e os pais vão fazer queixa do professor e o professor está tramado e o professor vai ser expulso, não podia tocar no aluno e blá, blá, blá…
Eu olhei para o Melga e, de forma muito serena e calma, disse-lhe: se fosses meu filho e essa história se tivesse passado contigo, eu ia à escola, mas era para te obrigar a pedir desculpa ao professor à frente da turma toda.
Ficou escandalizado. Olhos arregalados! O QUÊÊ???
Comecei a debitar discurso sobre coisas como o respeito pelo professor, se os alunos querem ser respeitados, têm que respeitar quem os rodeia, que era algo que ele devia saber desde a primária, blá, blá, blá…
No ano seguinte dou comigo, pela primeira e única vez na vida, numa reunião de encarregados de educação. Saí de lá com os cabelos em pé, só me apetecia chamar nomes àqueles pais todos. Seria possível que aquelas alminhas já não se lembravam como era ter 15, 16 anos e andar numa escola secundária?!
Em traços largos a situação mais debatida foi a seguinte: das três turmas de 10º ano da escola, a do Melga era a que tinha piores resultados. Ora, para todos os pais presentes, ou pelo menos para a grande maioria que se manifestou, a culpa era, claro, dos professores que não explicavam bem a matéria. Não tinha nada a ver com o facto dos seus educandos não trabalharem as matérias em casa. NÃÃOO!
Será que aquelas cabeças achavam que os professores explicavam melhor nas outras duas turmas e pior naquela turma em especial? Uma espécie de teoria da conspiração...
Como é que em duas gerações saltámos do 8 para o 80.
No tempo dos meus pais, os meus avós iam à escola autorizar o professor a bater nos filhos se preciso fosse. Os nossos pais já não permitiam que os professores nos batessem, mas, se preciso fosse, levavamos uns tabefes em casa. Como é que nós passámos de levar uns estalos ou uns castigos quando nos portavamos mal, para agirmos com os nossos filhos como se fossem de cristal? Hoje, os meninos têm sempre razão, têm sempre desculpa e ai de quem diga o contrário!
Desde há 4 anos a minha irmã também vai a reuniões de encarregados de educação e vê e ouve coisas de arrepiar. Os meninos com rendimento mais baixo não podem ser separados do resto da turma, porque ficam traumatizados (a minha irmã fez a primária toda no grupo dos mais fracos da sala e acabou licenciada, sem traumas!), mães que não deixam os filhos participar em visitas de estudo porque se podem perder.
Enfim, havia tanto para dizer, mas acho que já perceberam a minha posição sobre este assunto.
Esta foi uma das últimas fotos que tirei ao meu Paulo.
Fazia 50 anos e estavamos felizes a celebrar no restaurante que ele tanto queria experimentar: Catedral da Cerveja, no Estádio da Luz. A casa do seu tão amado Benfica.
Duas semanas depois desta fotografia, o meu Paulo deixou-nos.
Meu querido Paulo,
hoje farias 52 anos.
Muitos parabéns, meu amor, um beijo grande daqui até ao céu.
Depois de anos a ver os blogs da moda e ouvir as bloggers da moda a falar disto, hoje, finalmente, fui comer um BRUNCH.
Então Rita, o que achaste? Conta-nos tudo sobre essa experiência maravilhosa! – dizem vocês.
Calma pessoas, calma! Eu conto. Tudo se resume a uma simples frase:
Eu e a minha irmã não fomos feitas para o brunch ou, pelo menos, para este tipo de brunch.
O meu Paulo é que a sabia toda. A ideia de misturar pequeno-almoço com o almoço numa única refeição sempre o fez torcer o nariz. Sou forçada a dar-lhe razão, pelo menos hoje. Passemos aos factos:
Fomos ao Delidelux, em frente à Estação de Santa Apolónia. Nós duas mais 4 colegas da minha irmã. Que fique já esclarecido que no que toca ao serviço tudo esteve ótimo. Fomos logo atendidas, não esperámos nada pela comida e tudo estava bem confecionado. Como podem ver pelas fotos, foi um banquete. No Delidelux têm 3 menus de brunch, sendo nós 6 alminhas, pedimos cada um duas vezes, para podermos provar tudo.
Ficámos na esplanada, mesmo em cima do rio. Aí começou o nosso erro, no início tudo bem, ‘ai que linda vista, e blá blá blá…’, mas estava um calor de ananases e, lá pelo meio-dia, o suor já escorria e já só pensávamos num aparelho de ar condicionado.
O que não gostei mesmo foi do facto de o menu completo ser todo servido ao mesmo tempo, frios e quentes. Resultado, em vez de se estar com calma, acho que esse é o princípio do brunch, somos levadas a comer e não a saborear, porque estamos a comer a taça da granola com fruta e ao lado estão os ovos e o cappuccino a arrefecer. Houve ali uma fase em que não sabíamos exatamente para que lado nos virar, por onde começar, qual a sequência lógica, já misturávamos tudo.
Saímos do restaurante, duas horas depois, esbaforidas de calor, com comida até ao céu-da-boca. Estou a escrever isto em casa, já depois de dormir uma sesta, são 20h00 e ainda não tenho fome.
Em suma, se quiserem experimentar um brunch recomendo antes aqueles que têm buffet. A comida está sempre disponível e cada uma pode escolher o que quer comer, na quantidade que quiser e ao seu ritmo.
Essa será a minha escolha numa próxima oportunidade.
Sim, Paulo! Não me dou por vencida, ainda vou dar mais uma hipótese ao brunch!
...ou há por aí mais pessoas a sofrer do mesmo mal?
Desde 2012 trabalho num daqueles edifícios ditos 'inteligentes'. Aqueles prédios todos envidraçados, sem janelas que se possam abrir, muito ar condicionado, área de trabalho em open space, luzes que se desligam automaticamente a uma determinada hora e, a cereja no topo do bolo, casas de banho iguais às dos centros comerciais (o mesmo é dizer, pivacidade 0).
Ora, a dúvida que aqui me traz está relacionada com as ditas casas de banho. O espaço está equipado com sensor de luz. Para quem possa não estar familiarizada com o conceito, quer isto dizer que se estivermos quietas durante algum tempo, as luzes desligam-se. Fica-se às escuras até o sensor voltar a detetar movimento.
Esclareçam-me:
Sou a única com a sensação que preciso de fazer um esquema mirabolante, tipo dança hip-hop, cada vez que preciso de me sentar na sanita do trabalho?