Estamos plastificados
A propósito desta notícia e desta notícia, lembrei-me de ter visto, há uns tempos, uma reportagem na televisão sobre a contaminação dos oceanos com plásticos vários. Procurava alertar o ‘povo’ para comportamentos displicentes que acabavam com utensílios vários de plástico a flutuar no mar.
Não me esqueço da senhora que estava numa praia, acho que na zona de Algés, que se dedicava a apanhar do areal pauzinhos de cotonetes e, numa manhã, encheu uma garrafa de água, daquelas de meio litro. Parece que continuamos a deitar os cotonetes usados nas nossas sanitas e, claro, acabam a flutuar no mar…
Em casa já há muitos anos que faço reciclagem, acho que já não estamos no tempo em que isso seja uma novidade ou sequer algo de que nos devemos vangloriar, encaro isso como uma obrigação, um sinal de civismo (não vou falar do estado em normalmente estão os ecopontos, verdadeiras lixeiras a céu aberto, isso é outras conversa).
Sempre me espantou a quantidade de lixo que uma casa consegue produzir, ainda mais agora nesta minha nova vida. Vejam bem: moro sozinha… ou melhor, moro com o meu gato. Numa semana de sete dias, metade das refeições faço em casa dos meus pais, cozinho uma vez por semana (ao domingo à tarde faço as minhas marmitas), só deito lixo fora (o lixo…lixo) duas vezes por semana (porque a areia suja do gato começa a pesar e a cheirar, senão era uma vez por semana)… então como é possível que todas as semanas consiga encher um saco só para o contentor amarelo???
A sério pessoas, como é que é possível que uma pessoa sozinha, numa semana, consiga juntar tanto lixo plástico? São os pacotes do leite, mais as embalagens dos iogurtes, mais as latinhas da comida do gato, mais o champô que acabou, mais a cuvete dos bifes, mais o plástico que cobre os rolos de papel… mais… mais… vivemos rodeados pelo plástico, não sabemos viver sem ele… mas temos/devemos aprender.
Agora dou comigo a fazer uns testes. Há dias comprei uma manga. Em vez de tirar um saco para a pesar, pesei-a sem saco e colei o código de barras na manga. Se a pesagem fosse na caixa, a senhora não precisa do saco para saber o código a digitar. Simples, não é? Se eu quisesse comprar dois melões, pesava um de cada vez, tudo bem, não é? Mas e se eu quiser comprar um quilo de laranjas?
Esta é a questão. Se eu quiser comprar um quilo de cenouras tenho duas hipóteses: já embaladas num saco de plástico ou a granel… num saco de plástico (havia de ser giro chegar à caixa com as cenouras à solta no carrinho).
Já existem supermercados que baniram as embalagens e a dispensa de sacos de plástico. Tudo, ou quase tudo, é vendido a granel e é o cliente que leva de casa os recipientes para comprar o arroz ou o feijão, mas são pequenos supermercados e nestas coisas só as grandes superfícies comerciais têm o poder de educar o povo.
Acho mesmo que as grandes cadeias de supermercados sabem muito bem o que fazer para reduzir o consumo de plástico, está tudo estudado, mas está-se mesmo a ver que isso implica investimento e, pelo menos numa primeira fase, pode implicar perder clientes e isso é muito mau, não é?
Acho que não deve ser assim tão difícil. Basta pensar que até há uns anos era impensável ir ao supermercado com o saco das compras debaixo do braço e hoje já não nos esquecemos dele.
Não deve ser assim tão extraordinário chegar à caixa do supermercado com as maças e as peras e as laranjas à solta no carrinho e pesar na balança, afinal de contas era assim que a minha mãe fazia quando comprava a fruta no mercado ao pé de casa, a diferença é que a balança não era uma superficie lisa... era um prato fundo que o Sr. Pedro depois virava para dentro da cesta da minha mãe.